Depois de cair nove lugares no Smart City Index 2024 (SCI), Lisboa ocupa agora a 108.ª posição neste ranking internacional de cidades inteligentes, elaborado pelo Institute for Management Development (IMD).

A capital portuguesa deixa assim de figurar no top 100 (em 2023 era 99.ª e no ano anterior ocupava a 81.ª posição), acentuando uma tendência de queda, já que entre 2019 e 2024 baixou 46 posições. Ainda assim, continua a ser a única cidade portuguesa entre os 142 municípios de todo o mundo que integram a lista.

O estudo do instituto suíço avalia o desenvolvimento estrutural e tecnológico das cidades em cinco áreas: saúde e segurança; mobilidade; oportunidades de trabalho e educação; atividades; e administração. A pontuação final resulta da perceção dos moradores locais, obtida a partir das respostas que deram a um inquérito, e também tem em conta os resultados dos três anos anteriores.

Tal como nas últimas edições, a habitação continua a ser a principal preocupação dos lisboetas, com 88.3% dos inquiridos a dizer que esta deve ser a prioridade número um da capital. Mais ainda, 91.6%, reconhece a dificuldade de encontrar uma casa cuja renda corresponda, no máximo, a 30% do salário mensal.

Além da habitação, os cidadãos também identificam como prioritários os serviços de saúde (57.7%), a corrupção/transparência (53%), o trânsito (47.8%) e os transportes públicos (39.1%). Nestes dois últimos casos, quase 84% diz que o congestionamento do trânsito é um problema a resolver e apenas 35.8% afirma que a rede pública de transportes é satisfatória. Além disso, 63.4 % admite conceder acesso a dados pessoais se tal decisão contribuir para a melhoria do trânsito.

Na temática da tecnologia, a corrupção volta a ser a maior preocupação. Mais de 72% considera que a transparência e a divulgação das contas públicas não ajudaram a diminuir este problema. No campo da mobilidade, 64.7% acredita que as apps de partilha de viagens de carro não produziram efeito na redução dos congestionamentos de trânsito e quase 60% diz o mesmo em relação ao aluguer de bicicletas.

Mas o estudo revela também alguns pontos positivos. Entre eles, os lisboetas destacam, sobretudo, a oferta cultural (espetáculos, bares e museus), com 74.8% a considerar que é satisfatória. Logo depois surgem a oferta de serviços de reciclagem e os espaços verdes, ambos com resultados na casa dos 63%. Isto no que diz respeito às infraestruturas, porque no grupo da tecnologia valorizam principalmente a possibilidade de comprarem bilhetes para espetáculos através da internet e de terem acesso online a anúncios de emprego (81.3% e 70.5% dos inquiridos, respetivamente). Cerca de 65% também acredita que o processamento online de documentos teve um impacto positivo na diminuição dos tempos de espera nos serviços públicos.

O Smart City Index integra ainda um campo de perguntas intitulado “Atitude” que, na prática, procura avaliar a resposta dos cidadãos perante a oferta e os desafios que a tecnologia coloca. Por exemplo, 73.7% diz aceitar a utilização de técnicas de reconhecimento facial que ajudem a baixar a criminalidade, enquanto 65.3% garante que já não faz a maioria das transações quotidianas em dinheiro físico.

Tal como no ano passado, a liderança do ranking pertence à cidade suíça de Zurique, seguida de Oslo, na Noruega, e de Camberra, na Austrália. Na 4.ª posição surge Genebra, também na Suíça, enquanto Singapura, a primeira cidade asiática da lista, ocupa o 5.º lugar. O top 10 fecha com mais quatro cidades europeias – Copenhaga, Lausanne, Londres e Helsínquia – e uma do Médio Oriente, Abu Dhabi.

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