Foi ontem apresentada uma plataforma digital que combina dados em tempo real com análises avançadas e personalizadas, já ao dispor dos municípios. Chama-se CIT – Centro de Inteligência Territorial e foi desenvolvida pelo Data CoLAB, laboratório colaborativo para serviços de inovação orientada para os dados, com sede em Viana do Castelo.

Esta nova solução, disponível em www.inteligenciaterritorial.pt, permite centralizar informação e visualizar dados, ajudando na tomada de decisão das autarquias (ou outras entidades), mas também informando a população sobre a realidade de cada concelho em diversas áreas.

Como ponto de partida, o CIT disponibiliza de forma gratuita um vasto conjunto de dados abertos sobre todos os municípios do país, distribuídos a partir de seis grandes domínios: Governança, Ambiente, Mobilidade, Modos de vida, Economia e Sociedade. Simultaneamente, permite uma análise comparativa, não só entre municípios, mas também entre NUTS II ou mesmo com a totalidade do território nacional.

Depois, funciona também como um serviço Data as a Service (DaaS) baseado no tratamento de dados e na disponibilização de relatórios e painéis de visualização personalizados. Neste caso, o acesso é pago, através de três planos diferentes, cada um com o seu nível de oferta. Por exemplo, no mais completo é possível incorporar dados internos e insights de cada município, de forma totalmente customizada.

Como explicou Ana Gonçalves, diretora de desenvolvimento de produto do Data CoLAB, apesar de já existirem outras instituições que disponibilizam dados, como o INE, “a verdade é que faltava uma solução agregada, que permitisse aos municípios e ao cidadão ter uma estrutura comum, alguma coisa pela qual todos pudessem ser comparáveis e todos se pudessem igualar”. Para a responsável, embora esta solução também permita “catapultar [informação] com base na necessidade de cada município”, tem desde logo a virtude de “responder de base a alguns contextos específicos e observar um panorama geral”. “Queremos que responda a todos, mas que ao mesmo tempo seja um bocadinho de cada um”, afirmou Ana Gonçalves durante a apresentação do CIT, realizada em Viana do Castelo.

Moldar o futuro das cidades a partir de seis clusters

Esta espécie de radiografia ao território feita pelo CIT surge sob a forma de relatórios e dashboards com interfaces gráficas que apresentam os resultados dos municípios em cada um dos seis parâmetros analisados. O primeiro, dedicado à Governança, foca-se nos dados sobre a competitividade e economia local dos municípios e também tem em consideração os temas do urbanismo e das telecomunicações. Já a área do Ambiente aborda os dados relativos à energia, ao ambiente e alterações climáticas, à água e aos resíduos sólidos urbanos. Neste caso específico, permite mesmo verificar o nível de cumprimento de cada município face às metas nacionais do setor.

Já o cluster da Mobilidade disponibiliza diversos dados sobre transportes, enquanto o quarto grupo – Modos de vida – centra-se em seis matérias específicas: educação; saúde; habitação; segurança; desporto, cultura e recreativo; e agroalimentar e segurança alimentar. Por fim, há uma área sobre Economia, que integra e relaciona os dados económicos e financeiros dos municípios, e ainda outra sobre a Sociedade, que analisa a população e respetivas condições sociais.

Em qualquer dos casos, a arquitetura da plataforma desenvolvida pelo Data CoLAB permite implementar diferentes metodologias de análise, como a norma ISO 37120 ou os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

Transferir conhecimento em prol dos cidadãos

O encerramento da apresentação ficou a cargo do Secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa, Mário Campolargo, que sublinhou o papel desta nova plataforma em “transferir conhecimento e fazer uma divulgação da informação de base, que é absolutamente fundamental para os municípios”, bem como “o investimento que é feito na inovação baseada em dados para promover a qualidade da vida de todos”.

Mário Campolargo, durante a apresentação do CIT, em Viana do Castelo.

O governante lembrou ainda a importância da Estratégia Nacional dos Territórios Inteligentes, lançada em dezembro do ano passado, com a missão de “transformar dados em ações”. “É por isso que o PRR acaba por pôr 60 milhões de euros para fazer este investimento. Um investimento que vai ajudar o Data CoLab não só a dar dados abertos e de acesso não pago, mas também a trabalhar com as autarquias para incluir uma analítica específica”, concretizou.

Antes do Secretário de Estado, tempo ainda para duas intervenções sobre a perspetiva dos municípios. Primeiro, o Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo, Luís Nobre, destacou o sucesso da trilogia entre o instituto politécnico local, a Câmara Municipal e o Data CoLAB. Depois, o Diretor Municipal de Vila Nova de Famalicão, Vítor Moreira, deu a conheceu projeto B-Smart Famalicão, uma plataforma de inteligência urbana que agrega ferramentas para a gestão da cidade minhota.

Fotografia de destaque: © Data CoLAB