Dois projetos portugueses estão entre os 20 vencedores dos prémios Novo Bauhaus Europeu (NEB), uma iniciativa da Comissão Europeia que reconhece os melhores exemplos e soluções de sustentabilidade, estética e inclusão, valorizando a participação das comunidades locais.

Ambos os projetos apresentam ideias para a cidade de Lisboa e fazem parte da vertente “Estrelas Ascendentes do NEB”, dedicada a conceitos e ideias em fase de desenvolvimento. Entre eles está o “Urban_MYCOskin”, vencedor da categoria “Desenvolver um ecossistema industrial circular e apoiar uma reflexão centrada no ciclo de vida”.

Apresentado por Rita Morais, Natalia Piorecka e Jennifer Levy, propõe-se a criar uma paragem de elétrico sustentável na Praça do Martim Moniz. A ideia é utilizar o micélio, um organismo vivo que está na base dos cogumelos, por exemplo, capaz de criar um material composto leve, biodegradável e bio-recetivo. A ele, junta-se ainda a impressão robótica em 3D para dar corpo a esta proposta de bio-arquitetura.

Além de “criar paisagens urbanas vivas e resistentes ao clima”, a solução também pode ajudar a “reciclar não só os resíduos agrícolas, bem como os fluxos de resíduos urbanos, como os resíduos têxteis, transformando-os em materiais primários valiosos”, explicam o projeto. Com este prémio vai receber 14 mil euros.

Já o “Hydroscape Lisbon” conquistou um segundo lugar na categoria “Reconectar com a natureza”. Apresentado pela estudante de arquitetura Ioulia Voulgari, este projeto assenta na criação de um parque urbano e de um centro de tratamento de águas com cerca de 14 quilómetros de extensão na atual zona do porto de Lisboa.

Entre as propostas do projeto Hydroscape Lisbon está a criação de uma piscina pública na zona ribeirinha da capital.

De acordo com a autora, um dos objetivos passa por “celebrar os recursos hídricos urbanos e chamar a atenção para questões importantes da vida urbana e da sustentabilidade”, ajudando a abrir a zona portuária da cidade ao público e promovendo a mobilidade sustentável. “Como pode a água atuar como ferramenta perante as alterações climáticas?” é uma das perguntas levantadas por este projeto, cuja missão passa igualmente por “reformular a relação com a água numa escala territorial e humana”. Neste caso, o cheque entregue pela Comissão Europeia é de 10 mil euros.

Além destes dois projetos premiados, havia mais um finalista português, intitulado “O ciclo da lã no Barroso”, candidato na categoria “Recuperar um sentimento de pertença”, vertente “Campeões do Novo Bauhaus Europeu”. Desenvolvido na freguesia de Cabril, em Montalegre, baseia-se na recuperação de práticas e saberes relacionados com os processos de produção artesanal da lã e do burel, ajudando a valorizar as comunidades locais e a potenciar a identidade do território do Barroso. Embora não tenha sido premiado, recebeu elogios da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que realçou “um esforço coletivo que inclui todos – dos pastores às avós, dos decisores políticos às empresas locais, que recriaram o ciclo da lã, uma economia circular sustentável”.

Os vencedores dos prémios NEB foram anunciados durante o Festival Novo Bauhaus Europeu, em Bruxelas, que teve como lema “Recursos para todos”. Esta edição, aberta a projetos dos 27 Estados Membros da União Europeia, de seis países parceiros dos Balcãs Ocidentais e da Ucrânia, recebeu mais de 530 candidaturas.

Fotografia de destaque: © Urban_MYCOskin