Uma cidade inteligente é aquela que utiliza diferentes tipos de sensores eletrónicos para recolher dados e usá-los para gerir recursos de forma eficiente. Contudo, este conceito abrange mais do que a mobilidade, as plataformas digitais ou a sustentabilidade, sendo que o objetivo fundamental é a incorporação de todas estas áreas para melhorar a vida dos seus cidadãos.

Na realidade, e dado que, numa cidade moderna, os seus ocupantes passam mais de 90% do seu tempo dentro de edifícios, é primordial poder dispor de sensores de medida da qualidade do ar interior, capazes de medir os principais parâmetros caracterizadores dessa mesma qualidade, no sentido de poder garantir que os cidadãos têm conforto térmico e ambiental adequado nos espaços que ocupam.

Naturalmente que a monitorização é apenas a primeira tarefa à qual se associam outras subsequentes como sejam a aquisição dos dados medidos por um sistema interativo, capaz de os poder comparar com valores-limite admissíveis, e gerar instruções capazes de regular e controlar a situação através de medidas simples, tais como: a admissão de mais ar fresco proveniente do exterior e/ou exaustão de mais ar do interior para o exterior (aumento das renovações de ar); a regulação da temperatura do ar e a humidificação/desumidificação do ar interior (condicionamento de ar).

Medidas como estas permitem que os ocupantes dos espaços interiores não estejam nunca fora dos limites de concentração admissíveis para os poluentes existentes no ar interior, nem fora dos limites sazonais de conforto térmico dados por intervalos de temperatura e humidade do ar, igualmente bem especificados. Tem-se que estas últimas práticas são correntes ao nível da regulação do conforto térmico, mas é fundamental estendê-las às concentrações admissíveis de poluentes, para garantir, também, a boa qualidade do ar interior e, assim, a boa manutenção da saúde dos seus ocupantes. Um sistema desta natureza, que deverá constar forçosamente dos elementos de gestão dos edifícios de uma cidade inteligente, necessita obrigatoriamente de um conjunto de sensores que permitam fazer-se uma monitorização fiável e, em tempo real, das concentrações dos poluentes típicos, tais como CO, CO2, partículas e COV.

Note-se que só dispondo de sensores em tempo real, que permitam fazer leituras instantâneas, é que é possível fazer regulação da qualidade do ar interior, igualmente em tempo real, ou seja, fazer face a todas e quaisquer variações anómalas que possam ocorrer e, como resultado, obter sempre uma boa qualidade do ar.

Uma vez que os sensores eletrónicos existem, atualmente, não resta mais do que integrá-los num sistema adequado que possa ser incorporado como um componente adicional para os sistemas de ar condicionado, que passará assim a ter, além da componente do conforto térmico que é já corrente, a componente da qualidade do ar interior.

Este sistema deverá ainda fornecer informação, em painel, colocado em local visível para os ocupantes dos edifícios, por forma a poderem confirmar a evolução da situação. Ainda como as cidades inteligentes dispõem, geralmente, de sensores da qualidade do ar exterior, e esta última vai influenciar também a qualidade do ar interior. Poderá ainda proceder-se à comunicação entre estes diversos sensores para garantir que as medidas a tomar de insuflação/extracção de ar exterior virão a resultar eficientemente na melhoria da concentração de poluentes interiores por efeito de diluição.

As opiniões expressas são da responsabilidade dos autores e não reflectem necessariamente as ideias da revista Smart Cities.