“Mais de 25 cidades chinesas com alerta vermelho de poluição”; “Londres ultrapassou o limite de poluição anual de 2017 apenas em 5 dias”; “2500 pessoas morrem anualmente em Paris devido a poluição” – Estes são apenas alguns dos títulos chocantes de notícias do início do ano de 2017 sobre poluição do ar e suas implicações na saúde e ecossistema. Já em 2016, a Agência Europeia do Ambiente (AEA) refere que: “Os cidadãos Europeus respiram ar sem qualidade”. Globalmente, a poluição do ar é responsável pela morte de mais de 3 milhões de pessoas/ano, prevendo-se que em 2050 esse valor seja o dobro do atual. Com particular incidência, temos as crianças em que poluentes como partículas finas, provocam alterações permanentes no desenvolvimento do sistema cognitivo, mesmo ainda durante a gestação.
Apesar da existência de leis que promovem a diminuição da poluição atmosférica, poluentes continuam a ter valores significativamente altos nos centros urbanos. A redução à exposição ao risco e prevenção torna-se, assim, essencial por forma a minorar sofrimento e custos de saúde. A monitorização ambiental na Europa é tradicionalmente efetuada por organismos oficiais com base em 1600 estações, com os alertas emitidos à escala distrital, genéricos, de pouca divulgação e em canais de fraco impacto na população.
Abordagens alternativas na recolha e tratamento de dados são essenciais para melhorar o sistema de alertas e produzir políticas de cidade que vão para além do fecho de ruas por matrículas ou ano de produção, conceito que pode não minimizar os poluidores. Na recolha de dados, temos a articulação da deteção remota obtida por satélites numa escala de resolução menor, informação de estações fixas e uso de veículos móveis equipados com sensores, como o caso do projeto SOUL da SpaceLayer Technologies incubada no Instituto Pedro Nunes ao abrigo da ESA-BIC Portugal.
Toda esta informação, numa ótica de big data, requer um tratamento cuidado para o fim a que se destina: melhorar a vida da população na cidades. Nesta área, o desenvolvimento de algoritmos inteligentes é fulcral para que exista uma caracterização efetiva da poluição na cidade em função da geografia da mesma, mas, acima de tudo, que permita previsão de episódios atempadamente para que as populações sejam alertadas com um grau de proximidade elevado, no limite rua-a-rua. Estes analytics serão fundamentais num política de cidades aquando de licenciamento de novos complexos industriais e infraestruturas para a população.
Foto: @Spacelayer Technologies