Ao subir três posições no Índice de Transição Verde, Portugal ocupa agora o 15.º lugar neste ranking que avalia o progresso da sustentabilidade em 29 países europeus. O trabalho, realizado pela consultora Oliver Wyman, atribui ao desempenho português 49 pontos (em 100 possíveis), ligeiramente acima da média europeia (48,6) e do resultado alcançado na primeira edição (48), relativa ao ano de 2022.

Esta melhoria é suportada, sobretudo, por três das sete categorias em análise, com destaque para os Edifícios, onde o país alcançou a primeira posição, com 78,6 pontos, depois de ter ficado em segundo lugar no índice anterior. Para este resultado, que não tem em conta a pobreza energética, contribuem o uso de energias renováveis no aquecimento das habitações, por exemplo através de resíduos de madeira.

O segundo melhor resultado português é alcançado na categoria Economia, que obteve 58,3 pontos e a 13.ª posição geral, duas acima do estudo de 2022. Neste caso, o trabalho destaca a redução de emissões de gases com efeito de estufa no país e a redução da intensidade das mesmas relativamente ao produto interno bruto (PIB). Pela negativa, os autores referem a diminuição do gasto público em inovação e desenvolvimento com objetivos ambientais.

A maior escalada do ranking coube à categoria Natureza, com Portugal a melhorar 11 posições, para o 14.º lugar, ao conseguir 56 pontos. O indicador da agricultura biológica é mesmo o 4.º melhor da Europa, com “valores significativamente acima da média europeia”. “Nos últimos anos, conforme reportado pela Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Portugal tem aumentado significativamente os prados e pastagens permanentes (agricultura biológica), solidificando assim esta aposta”, refere o relatório. Já em matéria de exploração da água obtém uma das piores pontuações europeias, ocupando a 25.ª posição.

Na Energia, Portugal continua no top 10 (9.º lugar; 25,2 pontos), embora tenha descido quatro posições. Entre os pontos mais positivos estão as energias renováveis e os projetos de armazenamento ligado a baterias.

A categoria Transportes é uma das que empurra o desempenho nacional para baixo. Os 40,9 pontos finais não permitiram melhor que a 19.ª posição (desceu uma), em grande parte por causa do mau resultado no campo dos transportes públicos, onde Portugal surge no fundo da tabela (26.º lugar). Continua também abaixo da média europeia nos automóveis com baixas emissões, apesar de ter alcançado melhor resultado comparativamente com a última edição.

Também a categoria Resíduos pesa (e muito) nos maus resultados, com 27,3 pontos, uma vez que o país não consegui melhor que a penúltima posição (28.ª), pior ainda que no último relatório (27.º). “Portugal enfrenta grandes desafios na gestão de resíduos e na implementação de práticas sustentáveis nesse âmbito”, alerta a Oliver Wyman, lembrando a baixa taxa de circularidade e a elevada deposição de resíduos em aterro, 89% acima da média dos países europeus.

Apesar de ter verificado algumas melhorias, também a Indústria Transformadora desceu no ranking, de 18.ª para 21.ª, com 56,8 pontos, uma vez que esta tendência positiva aconteceu a um ritmo mais baixo que na maioria dos outros países europeus.

“Os resultados mostram que Portugal está no caminho certo, com avanços significativos, mas há um longo caminho a percorrer e esperamos melhorar a nossa posição em próximas edições”, afirmou, Joana Freixa, da Oliver Wyman, durante a apresentação do trabalho, realizada esta quarta-feira.

A Dinamarca, com 60 pontos, lidera o Índice de Transição Verde (Green Transition Index, GTI), seguida da Áustria e da Noruega, enquanto o Chipre (29.º lugar), a Bulgária (28.º) e a Grécia (27.º) estão no fundo da tabela.

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