O Relatório Europeu de Desenvolvimento Sustentável 2025 coloca Portugal na 22.ª posição, entre 34 países, do ranking de cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. A 6.ª edição do documento atribui ao nosso país uma pontuação de 70,7 pontos (em 100 possíveis), o que significa uma ligeira melhoria comparativamente com o ano passado, quando teve 70,0. Ainda assim, baixou dois lugares na tabela (era 20.º em 2024), além de continuar abaixo da média do sul da Europa (71,2) e da União Europeia (72,8).

O mesmo trabalho também atribui a Portugal a 22.ª posição no Índice “Não Deixar Ninguém Para Trás” (LNOB, do inglês Leave No One Behind), que avalia desigualdades no acesso a oportunidades, bem-estar e qualidade dos serviços, ao alcançar uma pontuação de 71,7. Já no Índice de Impacto (Spilovers), que mede 15 indicadores diferentes, o Estado português obteve 71,0 pontos.

De acordo com o relatório, elaborado pela Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável da ONU (SDSN, na sigla em inglês), 48% das metas estão alcançadas ou em progresso no país, enquanto 24% revelam um progresso limitado e 28% estão a piorar. De entre os 17 ODS, surgem identificados como grandes desafios os ODS 12 (Produção e consumo sustentável), 14 (Proteger a vida marinha) e 15 (Proteger a vida terrestre), qualquer um deles com a agravante de se encontrar em estagnação. Além destes, Portugal estagnou também nos objetivos que procuram erradicar a fome (ODS 2), na ação climática (ODS 13) e na justiça e instituições eficazes (ODS 16). O único objetivo no bom caminho, indica a SDSN, é a erradicação da pobreza (ODS 1) e em todos os restantes foi registada uma melhoria moderada.

Tal como na edição do ano passado, o ranking é liderado pela Finlândia, seguindo-se mais dois países nórdicos – Dinamarca e Suécia -, enquanto a Áustria e a Noruega ocupam o 4.º e 5.º lugar, respetivamente. No fundo da tabela aparecem o Chipre (32.º), a Macedónia do Norte (33.º) e a Turquia (34.º).

A urgência da transição alimentar

A nível europeu, o relatório revela um enfraquecimento no avanço dos ODS, com o ritmo de progresso entre 2020 e 2023 a ser mais de duas vezes inferior ao registado entre 2016 e 2019. Os autores do estudo reiteram ainda a continuidade dos desafios ambientais e de biodiversidade na Europa, bem como os relacionados com a erradicação da fome (ODS 2), os sistemas sustentáveis de alimentação e o uso do solo.

A transição agroalimentar surge mesmo em destaque, uma vez que um estudo complementar sublinha a necessidade de alterações nos padrões alimentares como forma de assegurar sistemas agroalimentares mais saudáveis e sustentáveis. “O progresso no ODS 2 está especialmente fora de rumo na União Europeia; a transição para dietas mais saudáveis deve permanecer uma prioridade importante para transformar o sistema agroalimentar na Europa e alcançar outros objetivos de saúde, clima e biodiversidade”, pode ler-se num comunicado da SDSN.

Face ao atual cenário, o relatório identifica quatro prioridades para acelerar a implementação dos ODS na Europa. O primeiro passa por reforçar o investimento em energias limpas e transição digital, enquanto o segundo defende mais medidas sociais para mitigar os efeitos da inflação e os impactos das tensões geopolíticas. Advoga-se ainda a necessidade de promover o consumo sustentável e de reforçar a diplomacia europeia em torno dos ODS e do Pacto Ecológico Europeu.

“O mundo está cada vez mais perigoso, instável e incerto. Quase 80 anos após a criação das Nações Unidas, a guerra e as tensões geopolíticas entre grandes potências afetam os meios de subsistência em todo o mundo e representam um grande retrocesso para o desenvolvimento sustentável global na Europa”, alertou Guillaume Lafortune, vice-presidente da SDSN, após a divulgação do relatório.

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