Caso se mantenha a atual tendência nacional dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), Portugal deverá falhar os 100% das metas em todos os ODS. A previsão é avançada no relatório “Estado dos ODS em Portugal”, que analisa a evolução dos indicadores municipais da Plataforma ODSlocal.
Depois de avaliados os dados mais recentes de 143 pontos que medem o pulso ao progresso de cada um dos 17 ODS, os autores do trabalho revelam “uma melhoria generalizada dos ODS, ainda que para nenhum deles se preveja que venham a ser alcançadas 100% das respetivas metas” até 2030.
De acordo com a Plataforma ODSlocal, os municípios portugueses revelam um desempenho melhor em três objetivos: o ODS 4 – Educação de qualidade, o ODS 6 – Água potável e saneamento e o ODS 14 – Proteger a vida marinha”. Embora a maioria dos objetivos esteja a “metade ou mais de metade do caminho” a percorrer até 2030, há três mais atrasados que justificam “particular atenção”: o ODS 13 – Ação climática, o ODS 2 – Erradicar a fome e promover a agricultura sustentável e o ODS 5 – Igualdade de género. A estes juntam-se ainda outros dois, o ODS 11 – Cidades e comunidades sustentáveis e o ODS 12 – Produção e consumo sustentáveis, que correm o risco de dar um passo atrás.
“São, pois, cinco os ODS que justificam maior empenho a curto prazo: três porque têm progredido de forma insuficiente, pelo que necessitam de ser acelerados, e dois porque estão em risco de regredir, pelo que essa tendência tem de ser invertida”, alerta o documento.
Um país a diferentes velocidades
O relatório “Estado dos ODS em Portugal” revela várias disparidades territoriais. Pela positiva, o Centro, o Norte e a Área Metropolitana de Lisboa (AML) são as regiões onde os municípios apresentam melhor despenho médio global no cumprimento de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Em sentido oposto, as regiões cujos municípios têm um desempenho médio global menos positivo são a Região Autónoma da Madeira, o Algarve e o Alentejo.
A análise divulgada por ocasião da Cimeira do Futuro também mostra que existe uma “evolução desigual” entre municípios, com o “contexto ambiental, social, económico e cultural” a ser “relevante para o (in)sucesso do seu progresso em dois terços dos ODS”.
“Municípios ambientalmente mais cuidadosos com a integração da conservação da biodiversidade no ordenamento do território, socialmente mais conectados com base numa maior densidade populacional, economicamente mais prósperos em função do PIB [Produto Interno Bruto] por habitante, e promotores de uma cultura de paz e parcerias associada a uma população com níveis de educação mais favoráveis, têm melhor desempenho em mais de metade dos dezassete ODS”, conclui o trabalho.
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