No próximo mês de Julho, termina o período de financiamento do projecto piloto iREC – Inovar na Reciclagem, mas nem por isso a iniciativa que permite aos cascalenses trocar embalagens de bebidas para reciclagem por prémios sustentáveis chega ao fim. A garantia foi dada na semana passada, durante a conferência de balanço do projecto, pelo presidente da Cascais Ambiente, Luís Almeida Capão, anunciando que está a ser negociado, com os restantes stakeholders, “o novo figurino de funcionamento do sistema”.

Lançado em Janeiro de 2021, o iREC – Inovar na Reciclagem implementou 15 máquinas de depósito de embalagens de bebidas (vidro, plástico e metal) em várias superfícies comerciais em Cascais, que estarão disponíveis, pelo menos, até Junho, altura em que o projecto deixa de receber financiamento por parte do ministério do Ambiente e da Acção Climática e dos EEA Grants.

Ao longo deste período, foram registadas mais de 100 mil utilizações e atribuídos 1,2 milhões de Citypoints de recompensa, que podem ser trocados por produtos sustentáveis e ofertas no comércio local. Além disso, o projecto criou ainda cinco postos de trabalho permanente e contribuiu “para o aumento da reciclagem, da literacia ambiental, [e] do desenvolvimento de sinergias entre parceiros”, afirmou Joana Balsemão, vereadora do Ambiente da câmara municipal de Cascais, dando conta de 100 toneladas de embalagens recolhidas em 20 meses de projecto. Sobre a continuidade e eventual evolução da iniciativa, a autarca mostrou-se convicta de que “todos ganham” se se passar a um “iREC 2.0”.

No evento, esteve também presente o ministro do Ambiente e da Acção Climática, Duarte Cordeiro. “É chegado o momento de avaliar todos os projectos piloto existentes no país e definir o que queremos fazer”, disse o governante. Enquanto se aguardam os termos da portaria que vai regulamentar a implementação de um sistema de depósito de embalagens com retorno (SDR) em território nacional e que deveria ter sido publicada até Janeiro passado, Duarte Cordeiro adiantou, para já, que “qualquer que seja o sistema, o responsável pelo custo de tratamento, limpeza e recolha é o produtor. Por outro lado, o SDR não suporta mais sistemas de recolha; têm de ser sistemas complementares. Não pode haver custos acrescidos para os produtos, ou seja, para o consumidor final”.

Por sua vez, Cristina Carrola, da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), avançou que a consulta pública da portaria acontecerá “muito em breve”, estando previsto um período de adaptação de 12 a 18 meses até à entrada em vigor do SDR. “Os projectos piloto vão permitir-nos tirar ensinamentos para a regulamentação nacional, mas ainda é necessário decidir que materiais incluir, como vai ser o depósito, como vai ser feita a própria coordenação do sistema e tem de ser avaliado o papel dos municípios neste tipo de sistema”, adiantou.

Recorde-se que o iREC – Inovar na Reciclagem é uma das várias iniciativas levadas a cabo pelo município de Cascais com vista a implementar estratégias e soluções que mobilizem o cidadão para a adopção de comportamentos e hábitos mais sustentáveis. Além de contribuir para o cumprimento das metas nacionais de recolha de resíduos e de redução de emissões de gases com efeito de estufa, o projecto pretende também preparar o município para cumprir com a futura obrigatoriedade do sistema de depósito de embalagens.