O município de Guimarães inaugurou, no passado dia 5 de Dezembro, o seu Centro de Operações Integradas (COI). O espaço pretende não só melhorar a resposta municipal às ocorrências e apoiar o processo de tomada de decisão, mas também servir de “centro de experimentação e inovação” de soluções inteligentes que possam servir a cidade.
Inaugurado no início deste mês pelo presidente da câmara municipal (CM) vimaranense, Domingos Bragança, o COI do município de Guimarães já está a funcionar. A partir de um único local, passou a ser possível monitorizar a cidade em tempo real, gerir ocorrências e eventos e coordenar as operações e as comunicações dos diversos serviços municipais. Estas acções tem lugar na Sala de Acompanhamento de Situação Operacional ou, em situações de maior complexidade, na chamada Sala de Briefing.
No entanto, Guimarães pretende que o COI seja mais do que isto: além de um centro de coordenação operacional que integra o Centro de Protecção Civil, a nova infra-estrutura será ainda “um centro de experimentação e inovação”. Nesse sentido, o espaço acolhe também o Laboratório de Inovação e Interpretação Urbana (LIIU) e o Ponto de Acesso a Dados para a Mobilidade do Minho (Minho Access Point), “onde serão implementadas novas soluções de inteligência urbana, desenvolvidos modelos de aprendizagem, análise, prevenção e previsão e realizado o trabalho de pedagogia, consciencialização e sensibilização”, explica Paulo Silva, vereador da CM de Guimarães responsável, entre outros, pelo pelouro dos Sistemas Inteligentes e de Informação.
A ideia é que o COI “se constitua como um espaço de colaboração e co-criação que articula serviços municipais, empresas, centros de conhecimento e universidades, impulsionando o desenvolvimento de soluções interdisciplinares e inovadoras, com recurso a algoritmos de inteligência artificial, em matéria de segurança, mobilidade, sustentabilidade ambiental, economia, cultura e gestão urbana”, avança o autarca.
O espírito colaborativo foi já visível no processo de desenvolvimento das soluções usadas no COI que envolveu, além dos serviços municipais, entidades supramunicipais, de investigação e desenvolvimento e académicas, nomeadamente o Laboratório da Paisagem de Guimarães, a Estrutura de Missão a Capital Verde Europeia, a Associação Quadrilátero Urbano, a Comunidade Intermunicipal do Ave, a Universidade do Minho e os seus centros de investigação, o IPCA – Instituto Politécnico do Cávado e do Ave e a Universidade das Nações Unidas, entre outras.
Como funciona?
O COI de Guimarães agrega, num único espaço, “todas as ferramentas inovadoras de gestão colaborativa para ocorrências e eventos” usadas pelo município. Nesse lote, está a Plataforma de Inteligência Urbana, que integra fontes de informação, dashboards de gestão estratégica e de apoio operacional, sistemas de monitorização e posicionamento, um videowall, ecrãs interactivos e sistemas de videoconferência.
A solução foi desenvolvida pela empresa tecnológica portuguesa Ubiwhere e é usada em Guimarães desde 2021 “para efeitos de digitalização da administração pública, através da agregação e normalização de informação, de múltiplos domínios e fontes num único sistema de informação geográfica”.
A par da Plataforma, e a suportar o seu funcionamento, o COI dispõe também de “uma infra-estrutura passiva e activa da rede de comunicação de dados e alimentação eléctrica com unidades de energia” que garante a continuidade da operação, explica, por sua vez, Ricardo Machado, chefe de Divisão de Sistemas Inteligentes e de Informação da CM de Guimarães.
Com tudo isto, é possível visualizar ali informação estática e em tempo real proveniente de sensores instalados na cidade, de serviços, de bases de dados abertas e até vinda da própria comunidade. “Dados relativos à mobilidade, ambiente, economia, energia, turismo e cultura e segurança são apenas alguns [dos verticais] que serão disponibilizados nos dashboards do COI”, esclarece o responsável.
Ao permitir uma “visão da cidade holística, descentralizada e participativa” baseada em dados, espera-se que o COI, “aliado à Plataforma de Inteligência Urbana, facilite os processos de gestão e de tomada de decisão” e “maximize a melhoria da qualidade de vida e dos serviços prestados” ao cidadão.
O cidadão, por sua vez, não fica de fora do processo e, além de ser uma das fontes de dados que alimentam o COI, vai também receber informação a partir deste. Nessa interacção entre as partes, a intenção do município é que, no LIIU, através da utilização e reutilização e difusão dos dados recebidos e produzidos, se desenvolvam interfaces amigáveis de informação em tempo real e novos modelos bidireccionais participativos centrados no cidadão, revela o responsável municipal.
“Estas interacções incluirão actividades de participação activa do cidadão baseado em processos de crowdsourcing de recolha de informação e monitorização; acções de capacitação, com efeito multiplicador e de disseminação do conhecimento; e sessões de participação passiva assentes em sessões pedagógicas, materiais didáticos, guias digitais, workshops, entre outros.”
Com o COI a funcionar desde o início deste mês, a autarquia tem já planos para o seu futuro que incluem a incrementação e a solidificação da plataforma nos pilares actuais e a integração de novas fontes de dados “de acordo com as necessidades e o processo de digitalização” da cidade, de modo a “pensar a cidade como um único ecossistema”, avança Paulo Silva. Além disso, há a ambição de calcular, de forma dinâmica através de análise de dados, inteligência artificial e machine learning, indicadores de sustentabilidade e de qualidade de vida que irão contribuir para melhorar os processos de governação e de tomada de decisão.
“Espera-se, assim, que o COI actue como um centro de experimentação e inovação que visa, por um lado, implementar acções de monitorização, alerta e consciencialização e, por outro, desenvolver soluções inovadoras, abrangente e ubíquas que juntem os verticais da energia, transportes, edifícios e gestão de resíduos, estimulando o ecossistema da cidade com base no modelo de hélice quíntupla, que agrega a autarquia, os centros de conhecimento/academia, as empresas e os cidadãos, colocando-a em posição de cumprir as metas do Pacto Ecológico Europeu, que se sustenta na redução de emissões em 55% até 2030, atingindo uma neutralidade carbónica até 2050”, conclui o autarca.