A APPII – Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários quer liderar o “movimento pelas cidades mais verdes e sustentáveis”. A intenção foi manifestada pelo presidente da APPII, Hugo Santos Ferreira, perante cerca de 300 pessoas, durante a conferência “O caminho para o imobiliário sustentável”, que decorreu no passado dia 6 em Lisboa.

O encontro, organizado pela APPII e pela GreenLab, juntou representantes da banca, promotores, investidores, fornecedores e especialistas em sustentabilidade no Hotel Tivoli, na capital portuguesa, com o propósito de debater o tema da sustentabilidade no sector imobiliário e partilhar boas práticas. Ciente do significativo impacto ambiental dos sectores da construção e do imobiliário, “a APPII quer, juntamente com os seus associados, liderar um movimento para que as cidades do futuro sejam mais verdes e em que a sustentabilidade seja assumida por todos como uma mais-valia global”, afirmou Hugo Santos Ferreira, citado em comunicado oficial.

Para demonstrar como o sector pode concretizar a liderança que ambiciona, os debates centraram-se em temas-chave para o efeito. A primeira mesa-redonda focou-se nos processos de valorização económica dos edifícios através de sistemas de sustentabilidade e a sua importância, e contou com a participação de José Cardoso Botelho da Vanguard Properties, Carlos Cercadillo da Clever Real, Luís Francisco da AM48, João Cristina da Merlin Properties, Paulo Reis Silva do Saraiva+ Associados e Pedro Vicente da Overseas.

O segundo painel foi dedicado às várias vertentes da sustentabilidade e a como estas podem beneficiar o sector do imobiliário. No debate, participaram João Gomes da Caixiave, Ricardo Vieira da Reynaers, Guilherme Mendes da Saint-Gobain e Bruno Borges da Grohe. Enquanto fornecedores de materiais de construção, estes oradores garantiram que existe já oferta no mercado para elevar a sustentabilidade nos edifícios, porém, as soluções são ainda pouco conhecidas pelo cliente final, o que significa que o trabalho de escolha desses materiais deverá ser feito, numa primeira fase, pelos promotores e, numa segunda fase, aquando da venda do imóvel, pelos mediadores imobiliários.

Como não podia deixar de ser, o tema do financiamento não ficou de fora, em particular no que se refere à implementação de medidas de eficiência energética no sector imobiliário nacional.  A importância da certificação ambiental para o acesso a financiamento no futuro próximo foi uma das conclusões que resultaram de um painel composto por Adolfo Mesquita Nunes, advogado do Gama Glória, Luís Vaz Pereira, head of corporate real estate financing do Millennium BCP, António Fontes, director do Santander, João Folque Patrício, director do BPI, e Manuel Mota, climate change and sustainability services leader da EY.

Além destes participantes que representaram os sectores da construção e do imobiliário, o encontro contou ainda, na sessão de abertura, com a presença de Miguel Fontes, secretário de Estado do Trabalho, que sublinhou a importância da transformação que se vive actualmente e de preparar o mercado para as necessidades no âmbito da sustentabilidade. “A transição energética que estamos a fazer é, possivelmente, a grande transformação da nossa geração. É preciso reconhecer que, inevitavelmente, as mudanças que vão acontecer vão levar ao desaparecimento de alguns empregos, mas também à criação de novas actividades económicas”, disse, apontando a necessidade de  “reorientar as pessoas para outras áreas, através da formação na sustentabilidade”.