Depois de três anos, o Aveiro STEAM City chegou oficialmente ao fim. A sessão de encerramento do projecto teve lugar na passada quarta-feira, no Teatro Aveirense, e, para além de apresentar os resultados alcançados, o município anunciou a intenção de expandir a iniciativa à escala regional e de avançar para a criação de uma rede internacional de cidades STEAM.
O reforço das competências e oportunidades locais nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia, arte e matemática (STEAM, na sigla em inglês) e o dotar a cidade de novas tecnologias foram as propostas do projecto que agora termina. Com um orçamento total de 6,1 milhões de euros, o Aveiro STEAM City foi uma das 22 iniciativas europeias seleccionadas, em 2019, para receber o apoio do programa comunitário Urban Innovative Actions (UIA), do qual recebeu um financiamento de 4,9 milhões de euros.
Na sessão de encerramento, que contou com a presença da ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa, e do director do UIA, Tim Caulfield, o presidente da câmara municipal de Aveiro, José Ribau Esteves, descreveu o projecto como “uma aposta claramente ganha”, cujo “processo não se fecha, apenas muda de etapa”.
Para dar continuidade aos objectivos do projecto, o autarca anunciou a assinatura de um novo protocolo no âmbito do Aveiro Tech City – que integrou o STEAM City –, desta vez, com 14 parceiros, e também a intenção de transpor algumas das acções realizadas durante este período para a escala regional, confirmando a vontade por parte da Comunidade Intermunicipal (CIM) da Região de Aveiro, à qual também preside, de aproveitar fundos do Portugal 2030 nesse sentido.
Outra das novidades avançadas na sessão foi o trabalho conjunto entre a cidade de Aveiro e a finlandesa Oulu para a criação de uma rede europeia de cidades STEAM. A ideia, que começou com a organização de residências artísticas STEAM, “vai estar no terreno no início do próximo ano”, disse o governante. Segundo antecipou João Machado, vereador aveirense com o pelouro Tech City, a iniciativa entre as duas cidades deverá vir a ser objecto de uma candidatura ao programa European Urban Initiative (EUI), sucessor do UIA e cujo primeiro aviso está previsto para o Outono deste ano.
Objectivos para diferentes públicos-alvo
“É visível, nos resultados, que cumpriram o trabalho em rede a que se propuseram”, avaliou, por sua vez, Ana Abrunhosa. Dividido em quatro categorias – Educação, Formação, Tecnologia, serviços e aplicações, e Desafios –, o impacto do Aveiro STEAM CITY no município pôde ser acompanhado pela equipa através de uma metodologia de monitorização que foi, entretanto, identificada como “boa prática” pelo UIA.
Tendo diferentes públicos-alvo, que vão desde a comunidade educativa aos cidadãos, passando pelo tecido empresarial e de empreendedorismo local, o STEAM City trouxe à cidade de Aveiro diversas inovações em matéria de inteligência urbana e transformou o município num laboratório vivo com projectos em diversas áreas, como energia, ambiente ou mobilidade. Daqui surgiu o Tech City Living Lab, mas destacam-se também os trabalhos feitos com a rede experimental 5G ou, mais recentemente, a plataforma urbana de apoio à governação da cidade.
Capacitar escolas e docentes através dos Tech Labs, disponibilizar uma plataforma para desenvolver o conhecimento computacional e o raciocínio lógico dos alunos e promover residências artísticas STEAM foram as acções que reflectiram as ambições do projecto em matéria de Educação e que, hoje, chegam a praticamente toda a comunidade escolar aveirense, mostram os resultados do projecto.
A par disso, iniciativas como o Observatório de Emprego, programas de formação e workshops de sensibilização e os Aveiro Tech City Bootcamps tiveram como missão dotar a comunidade local de competências STEAM. Embora esta seja “uma aposta contínua” para o futuro, os responsáveis pelo projecto mostraram-se satisfeitos com os resultados alcançados nesta área. Segundo a autarquia, só nas três edições dos Bootcamps, houve 450 inscritos, dos quais 62 ficaram como formandos e, desses, 75% foram contratados por empresas que, em mais de metade dos casos, são locais ou regionais.
“O projecto vai continuar a ser muito importante para o território”, disse João Machado, introduzindo assim a renovação do protocolo Aveiro Tech City, desta vez, com mais parceiros. À Universidade de Aveiro, Altice Labs, Instituto de Telecomunicações, Inovaria, Nokia, Bosch Termotecnologia, OLI, The Navigator Company, Transdev e Veolia – que assinaram o protocolo em 2019 –, juntam-se agora a TICE.PT, o Cluster Habitat Sustentável, a AIDA CCI – Câmara de Comércio e Indústria do Distrito de Aveiro e a PCI.
A expectativa da autarquia é a de que a colaboração entre os 14 parceiros dê, deste modo, continuidade às acções até aqui desenvolvidas pelo Aveiro STEAM City. Recorde-se que o projecto co-financiado pelo UIA contou com a participação da Altice Labs, do Instituto de Telecomunicações – IT, da Universidade de Aveiro, da INOVARIA e da Associação para um Centro de Estudos em Desenvolvimento Sustentável – CEDES.