As associações ambientalistas criticam a lentidão dos progressos e a sucessão de desacordos na Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP29), que está a decorrer em Baku, no Azerbaijão. A menos de uma semana do final do encontro, previsto para sábado, lembram que ainda não há consequências negociais significativas, o que faz aumentar a frustração à medida que a hora das decisões se aproxima.
Para a Zero, a primeira semana ficou marcada por diversos alertas, “mas sem consequências negociais”. A associação admite, por isso, que subsistem as dúvidas quanto “a uma solução resiliente e duradoura para o novo objetivo coletivo de financiamento climático que se pretende seja muito acima dos atuais 100 mil milhões de dólares por ano, bem como conseguir-se uma firme determinação em reduzir emissões”.
Em comunicado, os ambientalistas lembram que, apesar do acordo alcançado sobre o mercado internacional do carbono “a tensão rapidamente escalou com decorrer dos trabalhos e a apresentação do projeto de texto sobre financiamento, logo rejeitado unanimemente pelos países em desenvolvimento”. Além disso, também “os países do Norte Global, anunciaram que uma grande parte de qualquer financiamento prometido terá de vir, quer do sector privado incluindo na forma de empréstimos, quer de outras estruturas financeiras consideradas inovadoras, como as chamadas taxas de solidariedade”, onde se podem incluir as cripto moedas, os ultra-ricos e os passageiros frequentes de avião, acrescenta o texto.
Muitos observadores internacionais têm revelado o mesmo descontentamento com o evoluir dos trabalhos. “Esta foi a pior primeira semana de uma COP nos meus 15 anos de participação nesta cimeira”, disse Mohamed Adow, do grupo de reflexão sobre o clima Power Shift Africa, citado pela Euronews. Também o ministro do ambiente do Panamá, Juan Carlos Navarro, afirmou à Associated Press que “não se sente encorajado” com o que está a acontecer na COP29, acusando a cimeira de ter “muita conversa e muito pouca ação”. Por sua vez, a responsável pelo Clima e Energia da WWF Espanha, Mar Assunção, defendeu que “as coisas estão a andar demasiado devagar”, sobretudo tendo em conta “urgência” planetária atual.
Até Samir Bejanov, negociador principal adjunto, admitiu numa conferência de imprensa que as negociações sobre o financiamento estavam a avançar muito lentamente. “Quero reiterar o nosso forte incentivo a todas as partes para que avancem o mais possível”, afirmou. “Precisamos que todos abordem esta tarefa com urgência e determinação”, apelou o responsável.
O que esperar, então, destes últimos e (eventualmente) decisivos dias? Para a Zero, “após uma primeira semana onde os avanços foram muito limitados e há poucos textos base para negociação”, espera-se “que haja progressos que se traduzam não só num acordo de financiamento climático ambicioso, mas sobretudo em ações concretas e mensuráveis, quer na mitigação (redução de emissões), quer na adaptação climática”.
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