A Climate Trace, uma organização fundada pelo antigo vice-presidente dos Estados Unidos, Al Gore, divulgou um ranking sobre os níveis de poluição em 250 países mundiais, em que Portugal surge na 71.ª posição. O estudo, assente nos níveis de gases com efeitos de estufa (GEE) emitidos, atribui ao país 86,09 milhões de toneladas métricas, números superiores ao que as autoridades nacionais têm indicado. Portugal subiu um lugar relativamente ao ano passado, surgindo à frente de países europeus como a Suécia ou a Grécia, mas em pior posição que outros, como a Hungria, a Dinamarca ou a Suíça.
O distrito de Lisboa foi o que mais emitiu GEE durante este ano, quase 12 milhões de toneladas. Destas, mais de um quarto diz respeito ao Aeroporto da Portela, a estrutura mais poluente do país, com 3,48 toneladas. De acordo com o trabalho, assente em observações de satélite e terrestres, complementadas por inteligência artificial, este local da cidade não pára de aumentar emissões, já que eram 1,45 milhões de toneladas em 2011; 2,86 milhões em 2022 e 3,35 no ano passado.
Na lista de distritos mais poluidores seguem-se o Porto e Setúbal, acima dos 9 milhões de toneladas, sendo que neste último caso uma parte considerável da responsabilidade é atribuída à refinaria de Sines, com 2,19 toneladas. Ainda assim, nos dois últimos anos verificou uma descida em relação aos anteriores: 2,19 toneladas também em 2023; 2,40 em 2022 e 2,25 em 2021. De qualquer forma, pelas contas da Climate Trace, a refinaria continua a emitir tantas emissões quanto todo o distrito de Beja, o menos poluente do país.
Em Sines fica também a terceira estrutura que emite mais emissões, o porto marítimo, com 1,19 milhões de toneladas. Já em quarto lugar surgem as Carnes Landeiro, em Barcelos, com 964 mil toneladas de CO2, seguindo-se a Central Termoelétrica do Ribatejo, no Carregado (947 mil), e a fábrica de cimento da Cimpor, em Souselas (893 mil).
A nível global, as emissões de GEE no mundo ultrapassam os 61 mil milhões de toneladas, num ranking liderado pela China, com 17 mil milhões. Só neste país, a cidade de Xangai emite mais GEE que alguns países inteiros, como a Colômbia ou a Noruega. Seguem-se os Estado Unidos, com mais de 6 mil milhões, e depois a Índia com quase 4 mil milhões. Mas se a China e a Índia também lideram os maiores aumentos globais, já os Estados Unidos surgem entre os países que mais reduziram, logo depois da Venezuela, do Japão, da Alemanha e do Reino Unido.
O Relatório da Climate Trace foi divulgado em Baku, capital do Azerbaijão, no âmbito da COP19, reforçando os alertas de muitos especialistas. “Apesar dos compromissos e promessas, as emissões globais de gases com efeito de estufa continuam a aumentar de forma constante, trazendo consigo a poluição tóxica do ar que afeta de forma desproporcional as comunidades com menos recursos”, afirmou o cofundador da organização, Al Gore. Já o outro, Gavin McCormick, sublinhou que, este ano, “os números são mais elevados do que os de outros conjuntos de dados porque há uma cobertura abrangente e foram observadas mais emissões em mais setores”.
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