A recuperação e gestão da paisagem da Madeira é um dos fatores que preocupa os ambientalistas, depois dos incêndios que afetaram a ilha. Associações como a Zero e a GEOTA alertam para a necessidade de medidas urgentes de reflorestação e de mitigação dos danos ambientais.
As duas associações ambientalistas já tinham alertado para a necessidade de medidas urgentes de mitigação dos danos ambientais na ilha da Madeira. O risco de poluição das linhas de água e de cheias provocadas pela impermeabilidade dos solos foram das principais preocupações deixadas pelos ambientalistas que referem ainda a necessidade de recuperar a paisagem da ilha.
Para Miguel Jerónimo, coordenador de projetos de reflorestação do Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA), é necessário desenvolver um plano de recuperação da paisagem, no médio, longo prazo, “que possa apoiar a regeneração natural da floresta Laurissilva”, considerada Património da Humanidade pela UNESCO desde 1999.
“Este é o momento de olhar para a paisagem da ilha e desenvolver um novo modelo de ocupação e de gestão que dê prioridade à floresta nativa da ilha, em detrimento da floresta cultivada. A floresta Laurissilva, pelas condições de humidade, é um aliado na diminuição do risco e prevenção dos incêndios, mas que já só ocupa cerca de 20% da ilha”, alerta o ambientalista.
A reflorestação da ilha é também uma preocupação para a associação ambientalista Zero, que diz ser “urgente” a recuperação do verde característico da ilha. “A paisagem vai demorar bastante tempo a ser recuperada, no mínimo cerca de cinco, seis anos. Em algumas zonas vamos ter apenas a recuperação natural a agir, noutras podemos ter alguma capacidade de aceleração, retirando alguns troncos ardidos e fazendo algumas ações de reflorestação”, diz Francisco Ferreira, Presidente da Zero.
O incêndio na ilha da Madeira deflagrou a 14 de agosto, nas serras do município da Ribeira Brava, Câmara de Lobos, Ponta do Sol e Santana. O fogo foi totalmente extinto doze dias depois, já depois de ter consumido mais de cinco mil hectares de floresta. Segundo números oficiais, cerca de 1% da floresta Laurissilva foi afetada.
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