A Comunidade Intermunicipal (CIM) do Oeste e a NOVA IMS vão juntar-se para criar a primeira região inteligente do país. Com perto de um milhão de euros de financiamento, o projecto prevê a criação de uma plataforma analítica de dados integrada e de uma aplicação, cujos objectivos serão ajudar os municípios da região na definição de políticas públicas, gestão do território e infra-estruturas e também na dinamização de actividades económicas, com especial destaque para o turismo inteligente e sustentável.

Para isso, a NOVA IMS vai criar uma Plataforma Analítica Integrada de Inteligência Territorial Smart Region, que servirá, durante dois anos, os 12 municípios da CIM Oeste – Alenquer, Alcobaça, Arruda dos Vinhos, Torres Vedras, Peniche, Nazaré, Caldas da Rainha, Lourinhã, Sobral de Monte Agraço, Óbidos, Bombarral e Cadaval. Terminado o período do projecto, a intenção é que esta ferramenta possa ser replicada noutros pontos do território nacional. “Trata-se de um projecto colaborativo de co-criação de uma solução inovadora capaz de potenciar a economia da região assente no conceito smart cities aplicado ao turismo inteligente e sustentável”, lê-se em comunicado da NOVA IMS.

Esta plataforma vai proporcionar capacidades de recolha, armazenamento, processamento e análise de dados provenientes dos sistemas operacionais e redes de sensores municipais integrados com os dados gerados pelas redes Wi-Fi públicas destes municípios, aproveitando também o potencial de criação de capacidades analíticas que foi gerado pelas iniciativas Wi-Fi dos Centros Históricos do Turismo de Portugal e WiFi4EU da Comissão Europeia. Com a informação consgeuida a partir destes dados, o projecto pretende contribuir para a definição de medidas de planeamento, melhoria da gestão de infra-estruturas, gestão do turismo e hospitalidade à escala intermunicipal, seguindo uma abordagem “Smart & Sustainable Tourism”.

Para além da plataforma, que representa um investimento de perto de um milhão de euros, está prevista a criação de uma aplicação que “melhora a experiência de quem visita a CIM, tirando partido do cruzamento de dados provenientes dos sistemas operacionais municipais com os dados originários das redes de Wi-Fi visando disponibilizar informação dinâmica no espaço e no tempo e suportando acções de marketing de contexto, isto é, entregar informação personalizada em função do momento e local onde a pessoa se encontra”.

Dos 999 843 euros de investimento previstos pela iniciativa, 57% será co-financiado pelo Fundo Social Europeu. Ao “implementar modelos que ajudem o processo de tomada de decisão de políticas públicas e, simultaneamente, ajudem investidores e agentes económicos a desenvolver actividades económicas” que tragam valor efectivo e com base em dados factuais, o projecto prevê um potencial de retorno económico de 533 mil euros em 2021 e 2022. De acordo com a NOVA IMS, esse valor será conseguido através da “automatização de processos, cuja informação é actualmente recolhida de forma manual, poupanças com a deslocação aos municípios para esclarecimento de questões, redução da despesa com custos médios de comunicações móveis, entre outros”.

“Sendo um dos exemplos mais comuns a utilização dos metadados das comunicações móveis para construir esta inteligência territorial, a generalidade destes serviços assenta na utilização de dados externos, com a consequente necessidade de contratualização de um serviço de informação permanente e respectivo custo associado”, explica Pedro Folgado, presidente da CIM Oeste. “O processo de criação de redes de Wi-Fi público municipal gera a oportunidade de, pela primeira vez, os municípios serem os ‘donos’ dos dados necessários e suficientes para o desenvolvimento de capacidades analíticas e pela criação de valiosos insights sobre as mais diversas dimensões da governação do território”, afirma o também presidente da câmara municipal de Alenquer.

“As capacidades que a tecnologias oferecem hoje de capturarmos gigantescas quantidades de dados lançam o desafio de serem criadas as capacidades analíticas para promover a sua conversão em informação e, assim, passarem a ter valor para os processos de tomada de decisão, para a criação de novos produtos e serviços e para uma cidadania mais activa e participada”, refere Miguel de Castro Neto, subdiretor da NOVA IMS e coordenador da NOVA Cidade – Urban Analytics Lab. O especialista defende que é “essencial dotar o território nacional e órgãos de soberania, locais, regionais e nacionais, de ferramentas que permitam uma tomada de decisão baseada em dados fidedignos e em tempo útil, como a actual pandemia bem evidenciou”.

 

 

Foto: © Município de Alenquer | Facebook