City Centre Doctor é como se chama o novo desafio de Amarante. Apesar do nome, este não tem propriamente a ver com Saúde, mas o objectivo final pode ter algumas semelhanças. Aqui, não se trata de “curar”, mas de transformar, de forma positiva, a cidade, começando pelo centro, “reforçando-a enquanto pólo urbano culturalmente atractivo, confortável, amigo do ambiente e economicamente dinâmico”. E quem estará a cargo dessa missão? Os agentes locais, claro.
“O centro de Amarante tem enorme potencial para ser um catalisador do desenvolvimento regional, combinando de forma única a beleza natural com História, cultura e uma tradição comercial relevante”, descreve André Magalhães, vereador do desenvolvimento económico da câmara municipal da cidade. No entanto, é preciso agir e, “num contexto de acelerada evolução dos hábitos de consumo e de vida”, explica o autarca, “existe a oportunidade e a necessidade de qualificar de forma a prestar um melhor serviço aos cidadãos”.
O projecto internacional City Centre Doctor foi lançado em finais de Junho, em Heerlen, na Holanda, e decorrerá até Abril de 2018, com o financiamento do URBACT, programa da Cooperação Territorial Europeia que visa a promoção do desenvolvimento urbano sustentável. Em Amarante, a iniciativa já está em andamento e a primeira reunião do grupo local do URBACT teve lugar em meados de Junho. Na cidade portuguesa, o City Centre Doctor vai debruçar-se sobre questões específicas que precisam de ser melhoradas, como a mobilidade, a qualidade da habitação ou a dinamização comercial. Mas, para já e visto que o projecto está ainda numa fase inicial, a prioridade passa por “criar as condições de excelência para que novas visões e abordagens sejam construídas”, avança o governante. Ainda assim, o responsável não resiste a revelar um dos planos que envolve “uma das pérolas” do centro urbano de Amarante: “o mercado municipal, que, projectado há cerca de 50 anos, tem, nos dias de hoje, um potencial desaproveitado. No sentido dessa valorização, estamos já a desenvolver um conjunto de acções, nomeadamente focus groups com comerciantes, consumidores e organizações locais, inquéritos de caracterização de desempenho e impacto, e também acções de participação pública que, em conjunto, facilitem e aprofundem o processo de ideação do futuro do mercado, que queremos que seja o melhor do mundo”.
A nível europeu, Amarante não está sozinha nesta aventura, contando com outras nove cidades: San Donà di Piave (Itália), Idrija (Eslovénia), Petrinja (Croácia), Valašské Meziíí (República Checa), Radlin (Polónia), Naas (Irlanda), Heerlen (Holanda), Nort-sur-Erdre (França) e Medina del Campo (Espanha). Para André Magalhães, a colaboração com as cidades parceiras tem sido uma fonte de aprendizagem e inspiração para Amarante. Para exemplificar, o vereador conta a experiência de Naas, na Irlanda, onde se está a potenciar a integração e autonomia plena dos seus cidadãos mais seniores, construindo comunidades artísticas residenciais precisamente no centro das cidades, o que confere a estes cidadãos um contínuo acesso aos serviços de sempre, em contacto permanente com diferentes públicos e aumentando a sua satisfação perante a vida. “Neste projecto, partilharam connosco e com as restantes cidades um lema que não esqueceremos – expect the unexpectable – , ou seja, neste caso, um idoso pode esperar o inesperado. Todos os dias podem ser especiais, o que é um cenário diferente da realidade dos cuidados aos idosos existentes pela generalidade da Europa”, exemplifica.
Neste processo de “transformação positiva” do centro da cidade, há outros benefícios que o projecto vai proporcionar a Amarante e que vão pesar, em especial, na estratégia a longo prazo desta cidade. Nesse aspecto, o vereador do desenvolvimento económico começa por destacar a constituição de uma equipa colaborativa e participada com as organizações locais, assim como o acesso ao conhecimento de especialistas internacionais e a troca de experiências com as outras cidades. “Acreditamos que, deste trabalho de dois anos, poderá sair uma visão partilhada e um plano de acção que tornem Amarante numa cidade de excelência para se viver, numa cidade cativante para investir, e num local de eleição para visitar”, revela.
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