Concorrente directa da Uber, a Cabify chegou, neste Verão, ao nosso país. Num primeiro balanço, Nuno Santos, director-geral da Cabify Portugal, admite que a adesão está a superar as expectativas. Ainda que a adesão a estes serviços seja marcada pela polémica, o responsável destaca a mentalidade aberta a novas soluções dos portugueses e assegura o empenho da Cabify em contribuir para a evolução da legislação, “rumo a uma melhoria da mobilidade dentro das cidades”.
Que balanço fazem dos primeiros meses em Portugal?
Temos tido uma adesão fantástica, tanto de utilizadores individuais como empresariais. Está mesmo a superar as expectativas que tínhamos inicialmente, o que demonstra que os portugueses são early adopters, no que diz respeito a soluções tecnológicas como a da Cabify.
Serviços como o da Cabify não têm sido bem recebidos pelos serviços de transportes ligeiros de passageiros convencionais. Na sua opinião, como poderá resolver-se essa questão e qual a posição da Cabify face ao tema?
Todos os parceiros que prestam serviços de transporte através da plataforma da Cabify, sejam pessoas colectivas, sejam individuais, têm de estar na posse dos requisitos necessários para prestar o serviço. De facto, é normal que as ofertas convencionais levem algum tempo a adaptar-se às novas soluções. O Governo português está a trabalhar nesse sentido e a resolução já foi ditada pelo consumidor, que quer ter acesso a soluções alternativas como a que a Cabify promove, mais fáceis de utilizar, mais cómodas e mais seguras. Na verdade, algumas empresas ditas convencionais já compreenderam os benefícios de se associarem a plataformas tecnológicas como a Cabify e têm-nos procurado para saber como podem colaborar connosco.

O que torna a regulação destes serviços tão complexa?
É normal que a legislação não acompanhe de imediato as inovações como as que trazemos com a Cabify. Sabemos que a lei que rege este sector não é actual e que é necessário, por isso, que haja essa actualização. E a Cabify está empenhada em poder contribuir para essa evolução, rumo a uma melhoria da mobilidade dentro das cidades.
Considera que a Cabify como um exemplo da Economia da Partilha?
Sim, sem dúvida. A Cabify permite aos prestadores de serviços de transporte personalizado partilharem os seus recursos através de uma solução tecnológica que os liga a utilizadores que, em cada momento, procuram esse tipo de serviço.
Este modelo de transporte trouxe uma grande ruptura com os modos tradicionais. Na sua opinião, o que foi mais disruptivo: o abandono da ideia de propriedade do veículo particular ou a utilização de plataformas digitais que juntem a oferta e a procura?
Sem dúvida que o recurso à tecnologia é a grande alteração a que assistimos em termos de comportamento, embora isso seja uma tendência crescente que se tem verificado, sobretudo, em Portugal, um país verdadeiramente early adopter. Quanto ao abandono da ideia da propriedade do veículo, é algo que, a longo prazo, e com soluções como a Cabify, será percebido pelo consumidor como uma alternativa. Gradualmente, ter um carro poderá deixar de ser fundamental, sendo que o importante será ter acesso a um meio de transporte cómodo e fácil de utilizar.
A mobilidade sustentável é um tema pertinente nas cidades inteligentes. De que forma plataformas como a Cabify contribuem para um sistema mais sustentável?
A solução tecnológica da Cabify permite aos parceiros fazerem uma gestão eficiente das suas frotas. Esta eficiência, associada à facilidade e comodidade de utilização, está a trazer às cidades uma nova dinâmica de mobilidade, relegando para segundo plano a utilização do carro próprio que acaba por ser o factor principal sobre o qual as entidades que gerem as cidades têm de actuar para tornar as cidades ainda mais inteligentes.
Haverá espaço para aplicar a mesma lógica de serviço a modos mais sustentáveis do ponto de vista ambiental? Isso poderá estar nos planos da Cabify?
Sim, claramente. Por um lado, a Cabify está a preparar ofertas em diversos domínios da vida urbana, por forma a torná-los mais eficientes. Por outro, estamos a preparar a possibilidade dos nossos parceiros oferecerem serviços prestados com carros 100% eléctricos.
Como vê o futuro da mobilidade nas cidades e que papel poderá ter a Cabify nesse cenário?
O futuro da mobilidade passa, por um lado, pela liberdade de escolha entre diferentes serviços e, por outro, pela integração das diferentes soluções de mobilidade urbana, potenciada pelas novas tecnologias. A Cabify pretende estar presente em todo este processo de modernização dos serviços de transporte, com o objectivo de oferecer soluções eficientes e viáveis para os cidadãos.
Uma das projecções para o futuro prende-se com os carros autónomos, sem condutor. Nesse cenário, serviços como a Cabify continuarão a fazer sentido? Como se poderão adaptar?
A solução tecnológica como a da Cabify fará ainda mais sentido quando for possível termos carros autónomos a circular nas cidades, porque podemos chamar o veículo com base na tecnologia já existente. Portanto, a Cabify também vai estar nesse futuro.
O que distingue a Cabify dos serviços concorrentes, em particular a Uber?
A Cabify trabalha com utilizadores particulares e com empresas, dando muita importância ao mercado corporate. Além disso, permite fazer reservas e oferece uma série de benefícios às empresas que nenhuma outra aplicação ou empresa oferece, tais como gestão personalizada, atenção ao cliente 24/7, procedimentos automatizados sem recorrer a recibos físicos, criação de perfis por empresas ou por empregado, entre outros. Na Cabify, o passageiro paga apenas em função da distância percorrida, independentemente do tempo da viagem. Vale a pena acrescentar que o serviço é muito mais personalizado, oferecendo ao utilizador a possibilidade de escolher com antecedência a hora da recolha, a música que deseja no veículo, no momento da recolha, se deseja que o motorista lhe abra a porta, e até mesmo se deseja ar condicionado ou não. E, em todas as viagens, oferecemos aos utilizadores Cabify água e revistas. Por fim, a Cabify não utiliza tarifas dinâmicas, nem faz nenhum tipo de leilão associado à prestação deste tipo de serviço. O preço é fixo.