Na conferência das Autoridades Metropolitanas Europeias, em Novembro passado, a Comissária da União Europeia (UE) para a Coesão e Reformas, Elisa Ferreira, apelou às regiões e cidades metropolitanas para apresentarem propostas para enfrentar o desafio de estabelecer uma Europa resiliente e com impacto neutro no clima até 2050. A METREX, rede europeia de regiões e áreas metropolitanas, tomou a iniciativa de responder ao apelo, propondo uma Visão Metropolitana para a Europa 2050.
As regiões e áreas metropolitanas estão no centro de muitos sistemas integrados, incluindo redes de energia, transporte, uso do solo, economia circular, educação e saúde, e muitos mais. É neste contexto que, pelo seu papel de intermediação territorial e pela sua capacidade única de trabalhar num contexto de complexidade social crescente, as metrópoles se podem afirmar como líderes que inspiram e ajudam a acelerar uma transição verde em toda a Europa.

A Área Metropolitana de Lisboa no coração da acção climática
A Área Metropolitana de Lisboa (AML) tem vindo a responder afirmativamente ao desafio lançado pela METREX de ajudar a desenhar um processo participativo que desenvolva uma Estratégia Europeia Metropolitana, assente na visão de que apenas com uma transformação urbana e rural é possível alcançar um futuro neutro em termos climáticos.
A acção climática está, por isso, no coração da agenda desenvolvimento da AML, conforme ficou plasmado na Estratégia Regional Lisboa AML 2030, desenvolvida em parceria com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDR LVT) e com a ampla participação dos municípios e dos actores regionais.
“As regiões e áreas metropolitanas estão no centro de muitos sistemas integrados, incluindo redes de energia, transporte, uso do solo, economia circular, educação e saúde, e muitos mais.”
Neste contexto, importa destacar três pilares fundamentais: o pilar da mitigação; o pilar da adaptação e o pilar da economia circular.
Relativamente ao pilar da mitigação, a simplificação tarifária, realizada em 2019, e a constituição da TML – Transportes Metropolitanos de Lisboa, em 2020, foram passos decisivos para que, nos próximos anos, se dê uma efectiva inversão na prevalência da utilização do transporte individual, em favor do transporte público.
Relativamente ao pilar da adaptação, como o Plano Metropolitano de Adaptação às Alterações Climáticas da AML tornou evidente, as mudanças climáticas resultantes das emissões de gases com efeitos de estufa já estão a ocorrer e irão agravar-se até ao final deste século, colocando desafios gigantescos. É, por isso, imperativo encetar um caminho adaptativo que permita reduzir a vulnerabilidade territorial e sectorial a partir da contenção e da redução da exposição das pessoas, infraestruturas e actividades aos riscos climáticos e do desenvolvimento de sistemas de gestão e alerta que permitam ganhos de eficácia nas respostas de emergência.
Relativamente ao pilar da economia circular, a adesão da AML à Rede Metropolitana de Parques Agroalimentares, animada pela CCDR LVT e pelo ICS-UL, visa completar esta duas abordagens, ciente de que as mudanças climáticas terão impactes severos nas redes logísticas de produção e distribuição alimentar e de que, nessa medida, aumentar o consumo de produtos de proximidade é indispensável para alcançar a neutralidade carbónica.
Finalizando, importa considerar que o papel que está a ser desempenhado pela AML na elaboração da Visão Metropolitana para a Europa 2050 está perfeitamente em linha com a trajectória metropolitana dos últimos anos e deseja sinalizar que a acção climática é, para nós, em simultâneo, um desafio e uma oportunidade de construir uma metrópole mais justa, mais próspera e mais sustentável.
As opiniões expressas são da responsabilidade dos autores e não reflectem necessariamente as ideias da revista Smart Cities.