Dentro de quatro anos, Lisboa será uma das cidades mais inteligentes do mundo. Ao participar no projeto europeu Sharing Cities, a capital portuguesa é uma das primeiras a abraçar este novo paradigma de gestão urbana sustentável – um sistema assente na integração das mais avançadas tecnologias e ferramentas digitais. Aquilo que muitos podem considerar ficção científica irá tornar-se realidade bem mais cedo do que pareceria possível. Big Data e Internet das Coisas são ideias-chave do conceito que permite apoiar o município na resolução de problemas de trânsito, poluição ou energia.

Através do projeto Sharing Cities, Lisboa, Londres e Milão (as outras cidades-farol deste consórcio) planeiam aproximar os cidadãos, municípios, indústrias e universidades das tomadas de decisão. Assim, nos próximos anos, a zona central da cidade irá transformar-se num laboratório de ponta de recolha e tratamento de dados ambientais e de mobilidade e, em paralelo, em parque de demonstração de equipamentos e de transportes sustentáveis. O uso do digital e as decisões assentes em grandes massas de dados permitirão tomar decisões estratégicas da cidade quase em tempo real e aproximar município, cidadãos e empresas – e todos terão capacidade de participar e intervir no processo. O aumento da eficiência da gestão quotidiana da cidade no que toca a trânsito, energia e emissão de gases com efeito de estufa será outra melhoria a assinalar.

Ajudas importantes para o sucesso do projeto Sharing Cities serão dadas por algumas iniciativas já em curso ou em fase de progressiva implementação. Entre elas, a substituição de toda a frota de veículos automóveis da autarquia lisboeta por viaturas eléctricas; a reabilitação de edifícios de habitação, no Bairro do Cabrinha, na Avenida de Ceuta, e também na Baixa, de maneira a maximizar a eficiência térmica e baixar consumos eléctricos; a conversão de postes de iluminação, de modo a dotá-los de sensores meteorológicos, de qualidade do ar, de captação de ruído ou de dispositivos de wi-fi; a instalação de pontos de carregamento rápido de viaturas eléctricas, no Marquês de Pombal. Tudo contributos para a melhoria da qualidade de vida na cidade.

As pessoas são decisivas em todo este processo. A participação ativa dos cidadãos não é só uma exigência, como também é uma necessidade. E as medidas do Sharing Cities giram em seu redor. Estes serão responsabilizados pela co-criação de soluções, através de aplicações, já em desenvolvimento, que lhes permitam fornecer e obter informações acerca da cidade.

Quanto ao eixo dos lugares, será desenvolvido em torno de quatro grandes conjuntos de temas: o da reabilitação de edifícios, que, além de os modernizar fisicamente, dotá-los-á ainda de fontes de energia renovável; o dos sistemas de gestão integrada e otimizada de energia; das soluções de mobilidade eléctrica partilhada, quer de veículos automóveis, quer de bicicletas; e os já referidos postes de iluminação inteligentes, ferramentas essenciais da aquisição de dados da cidade.

A plataforma permitirá gerir e partilhar uma infinidade de dados e estatísticas recolhidos pelas três cidades-farol do projeto – Lisboa, Londres e Milão. Dados de energia e ambientais serão fornecidos ao sistema, integrados e trabalhados automaticamente. Uma das características essenciais da plataforma será o acesso aberto. Desta forma, pretende-se, por exemplo, que todas as cidades da rede Sharing Cities, com capacidades técnicas comuns, possam partilhar soluções, processos e medidas.

Lisboa embarcou nesta aventura no início de 2016, em conjunto com Londres e Milão, os seus parceiros de projeto. São perto de vinte e cinco milhões de euros disponibilizados pela União Europeia no âmbito do Horizonte 2020. Um investimento total de mais de 280 milhões de euros que juntará cidadãos, municípios, universidades e empresas e revolucionará a maneira de pensar as cidades. E que, acreditam responsáveis, será capaz de vir a envolver 100 cidades europeias e atrair outros investimentos na ordem dos 500 milhões de euros.

O consórcio das Sharing Cities integra 35 parceiros, oriundos de todos os países envolvidos. As organizações portuguesas envolvidas no projeto são o município de Lisboa; a Lisboa E-Nova, Agência de Energia e Ambiente de Lisboa; a EMEL, Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa; o Instituto Superior Técnico; a Reabilita Lda.; o CEiiA, Centro para a Excelência e Inovação na Indústria Automóvel; a EDP Distribuição; e a PT Inovação e Sistemas.

O programa inicial foi alargado de modo a incluir três cidades-seguidoras: Bordéus, em França, Burgas, na Bulgária, e Varsóvia, na Polónia, acompanharão o processo de levantamento do projeto num nível intermédio de empenho, experimentando soluções. Além de Lisboa, que lidera o projeto com Londres e Milão, Portugal conta ainda com dez cidades-observadoras: Abrantes, Évora, Funchal, Loures, Matosinhos, Portimão, Sines, Sintra, Vila Nova de Gaia e Viseu.

O projeto Sharing Cities estará em destaque na 4ª conferência “Cidades Inteligentes – Cidades do Futuro”, organizada pela Lisboa E-Nova – Agência de Energia e Ambiente de Lisboa, que se realizará no próximo dia 30 de Novembro em Lisboa.