A gestão inteligente de tráfego utiliza tecnologia, dados em tempo real e inteligência artificial para otimizar o fluxo de veículos, reduzir congestionamentos e minimizar o impacto ambiental dos transportes. Este processo envolve semáforos adaptativos, sensores de tráfego e plataformas integradas que melhoram a mobilidade urbana, tornando as cidades mais eficientes e sustentáveis.
Na Beta-i, acreditamos que a inovação colaborativa é essencial para transformar a mobilidade urbana. A aposta nas soluções inteligentes na mobilidade contribui para a redução das emissões de carbono, a priorização de modalidades de transporte sustentável e consequente melhoria da qualidade do ar. Além disso, e não menos importante, permite também um planeamento urbano baseado em dados, tornando as infraestruturas mais eficientes. Para que tudo isto aconteça de forma eficaz, é preciso trabalhar colaborativamente com empresas, municípios, e outros agentes da mudança para acelerar o desenvolvimento e implementação destas soluções e criar cidades mais resilientes.
Quais as soluções e tecnologias mais eficazes?
Algumas das soluções mais eficazes e passíveis de serem utilizadas na gestão inteligente do tráfego são os semáforos inteligentes, que ajustam os tempos de sinalização com base em sensores e algoritmos avançados para ajustar dinamicamente o tempo de cada sinal de acordo com as condições reais do trânsito, reduzindo congestionamentos desnecessários e, consequentemente, as emissões de carbono. Ao contrário dos semáforos convencionais, que funcionam com tempos pré-programados e fixos, os semáforos inteligentes monitorizam em tempo real o fluxo de veículos e dos peões, fazendo um ajuste dinâmico em prol da otimização do trânsito.
Além disso, sensores e câmaras de tráfego podem ajudar a monitorizar a circulação em tempo real, facilitando respostas mais rápidas a incidentes e permitindo um planeamento urbano mais eficiente. As plataformas de mobilidade integrada são também capazes de conectar diferentes meios de transporte, desde transportes públicos a bicicletas, trotinetes e veículos partilhados, incentivando alternativas mais sustentáveis ao carro particular.
Outra tecnologia fundamental são os sistemas de gestão de tráfego baseados em inteligência artificial, que utilizam algoritmos preditivos para otimizar rotas, prever padrões de tráfego e reduzir tempos de deslocação. Neste contexto, é expectável que os veículos conectados e a comunicação V2X (Vehicle-to-Everything) também venham a desempenhar um papel crucial, permitindo a troca de informações entre veículos, infraestruturas e peões para aumentar a segurança e a eficiência do tráfego.
Pode dar-nos alguns exemplos de cidades que já aproveitam o potencial dos sistemas de gestão inteligente de tráfego?
Existem vários exemplos de cidades em todo o mundo que têm feito progressos significativos na adoção de sistemas inteligentes de gestão de tráfego. Singapura, por exemplo, é reconhecida pelo seu sistema altamente sofisticado de controlo de trânsito, que utiliza sensores e algoritmos para otimizar o fluxo de veículos a toda a escala do seu território. Nesse sentido, a Autoridade de Transporte Terrestre (LTA) local integra e monitora, em tempo real, informações de trânsito, transporte público e incidentes, permitindo respostas rápidas em caso de bloqueios ou acidentes.
Londres é outro exemplo que tem apostado em estratégias para gerir o tráfego e reduzir emissões através da combinação de sistemas de pagamento eletrónico aplicada a condutores que entram no centro da cidade (congestion charge) com a demarcação de zonas de baixas emissões (Ultra Low Emission Zone), dentro das quais está limitada a circulação de veículos mais poluentes.
Estes são dois dos casos que demonstram como a adoção de soluções tecnológicas pode acelerar a transformação das cidades em ambientes mais eficientes, sustentáveis e centrados nas necessidades das pessoas.
Até que ponto as ameaças à integridade da infraestrutura, como os ciberataques, podem ameaçar estes sistemas?
As infraestruturas de tráfego inteligentes beneficiam significativamente da interligação entre redes de comunicação, sensores e plataformas tecnológicas, o que permite uma gestão mais eficiente e adaptativa da mobilidade urbana. No entanto, essa conectividade traz consigo o desafio de garantir a cibersegurança dos sistemas.
Por isso, é essencial que estas soluções sejam concebidas com protocolos de segurança robustos e mecanismos de redundância operacional. Na Beta-i, sublinhamos a importância de uma colaboração próxima entre fornecedores de tecnologia, municípios e especialistas em cibersegurança, assegurando atualizações regulares e uma monitorização contínua dos sistemas.
Adicionalmente, a capacitação das equipas responsáveis pela gestão do tráfego, aliada a procedimentos bem definidos de resposta a incidentes, contribui de forma decisiva para reforçar a resiliência e a fiabilidade das infraestruturas inteligentes.
Como garantir que a inclusão, a sustentabilidade e a privacidade dos dados e informação não são colocadas em risco?
Para garantir um equilíbrio entre a inovação e a proteção de dados e direitos dos cidadãos, é essencial adotar uma abordagem integrada. Em primeiro lugar, é necessária uma estratégia de recolha e processamento de dados que respeite os regulamentos de privacidade e promova a transparência, tanto para utilizadores como para organismos reguladores. Isso significa implementar práticas como a anonimização de dados e a adoção de políticas de consentimento informado, onde cada parte interessada saiba de que forma os dados estão a ser usados. Simultaneamente, a inclusão e a sustentabilidade devem ser considerados princípios orientadores no desenvolvimento de qualquer projeto de mobilidade urbana.
As soluções tecnológicas têm de ser desenhadas para atender às necessidades de todos os utilizadores – incluindo pessoas com mobilidade reduzida ou sem acesso a plataformas digitais, por exemplo – e priorizar modos de transporte sustentáveis, como bicicletas, trotinetes, transportes públicos ou partilhados. Assim, apenas trabalhando em colaboração com os diversos stakeholders locais, será possível criar um ecossistema de inovação responsável, onde a eficiência não compromete a privacidade e a equidade no acesso à mobilidade.