Muito se tem falado sobre a proibição do uso do plástico descartável, e mesmo da abolição da utilização desta matéria-prima em setores como a restauração ou a hotelaria. Embora nobre, será algo atingível a médio-curto prazo?

A natureza sempre fez parte do nosso ADN, como podemos ver no nosso masterplan, onde apenas 9% da área total é construída; tudo o resto são áreas verdes ou água. O resultado é um destino inspirado na natureza, cenário ideal para um estilo de vida de bem-estar. Por isso, desde cedo que contamos com uma forte política de sustentabilidade.

Graças ao investimento que temos feito nos últimos anos e às medidas que temos tomado, apenas na área do golfe conseguimos uma redução de 20% da produção/consumo de energia, através da instalação de sistemas de irrigação de última geração, maximizando a eficiência e reduzindo o uso de recursos não renováveis, e ainda apostamos na plantação de espécies nativas para aumentar a biodiversidade e como forma a controlar e remover espécies exóticas invasoras. Na área da restauração, o nosso objetivo é de 0% de desperdício, e temos trabalhado intensamente para dar mais opções sustentáveis e saudáveis, na nossa cozinha, graças à nossa Q Farm, quinta que criamos com o objetivo de produzir produtos orgânicos e sazonais, seguinte o conceito da Quinta para a Mesa.

Além de todas estas medidas, apenas 3% dos nossos produtos de plástico vendidos são de utilização única, correspondendo a garrafas de água para take-away. Todavia, estes 3 % são 3% a mais do que aquilo que pretendemos. Mesmo com a distribuição de garrafas de vidro pelos nossos residentes e a colocação de fontes de água para que as possam voltar a encher quando necessário, não nos parece possível, para já, reduzir essa percentagem de utilização de plástico. E porquê? Porque o mercado (ainda) não está preparado para o abolir na sua totalidade. Quando digo “o mercado”, não digo “os hotéis” ou “os restaurantes” ou “os resorts”. Ou que exista falta de vontade. Pelo contrário, vontade existe. Investimento, também. O que falha neste momento é a cadeia de fornecimento que nos alimenta a todos e da qual dependemos diretamente para tornar possível a realidade em que queremos viver.

Temos, atualmente, duas opções que estão longe de ser ideais para tentarmos, pelo menos, minimizar ainda mais o uso do plástico: material descartável BIO e o uso de material reutilizável.

Aqueles que não se importarem com o custo 20 a 30% superior dos materiais descartáveis BIO quando comparados com o plástico, rapidamente se depararão com um reduzido stock disponível, falhas na cadeia de distribuição que tornam esta alternativa pouco viável. As opções deste tipo de materiais também são reduzidas, entre bambu, caroço de abacate e pouco mais. Ainda não existe nem quantidade, nem variedade, nos distribuidores em Portugal que garanta um fornecimento seguro e contínuo.

Adicionalmente, de que nos serve reduzir a dependência dos nossos recursos naturais nos campos de golfe, reduzir a área de terra irrigada ou adquirir uma nova frota completamente elétrica de buggies, se a alternativa da utilização de materiais reutilizáveis obriga a um superior consumo de energia e água para uma higienização segura para a reutilização dos mesmos por parte dos clientes, também válido com as tecnologias de lavagem de louça mais eficientes?

Na Quinta do Lago, orgulhamo-nos de sempre termos sido um resort movido pela natureza com um grande enfoque ambiental e um destino que se presta à vida ao ar livre. O nosso compromisso está para com a Ria Formosa, as espécies que cá habitam, os recursos que devemos estimar e as gerações futuras que, um dia, poderão desfrutar de um mundo mais sustentável. E continuaremos, sempre, à procura das melhores alternativas para combater a utilização de plástico no nosso resort.

As opiniões expressas são da responsabilidade dos autores e não reflectem necessariamente as ideias da revista Smart Cities.