Melhorar a vida da população sénior e cativar os mais jovens para que se fixem no concelho fazem parte das prioridades que orientam o município de Alfândega da Fé. Em entrevista, Berta Nunes, presidente da câmara municipal, revela as oportunidades que este território quer oferecer, sem limites de idade.
Quais as ambições de Alfândega da Fé para melhorar a qualidade de vida dos seus cidadãos?
Neste campo, temos uma visão muito clara. Estamos empenhados em construir um concelho sustentável e inclusivo, centrado nas pessoas e na sua participação cívica, valorizando também a componente ambiental e de inovação num contexto de interioridade. Envolver e ouvir a população é um compromisso e uma prioridade. Entendemos que os munícipes devem participar activamente na construção do nosso concelho e envolver-se nas questões mais importantes para o seu desenvolvimento. Só assim conseguiremos verdadeiramente corresponder às suas necessidades e expectativas. Foi neste sentido que impulsionamos a criação dos Conselhos Municipais Sénior e Jovem e dos respectivos orçamentos participativos. Foi também neste sentido que iniciámos o programa de promoção do envelhecimento activo, criando um conjunto de respostas de proximidade, traduzidas em apoio psicológico, sessões de reabilitação psicomotora, serviço de enfermagem, etc., mas também na dinamização de actividades lúdicas e culturais para esta população.
A população mais velha tem estado no centro das vossas atenções?
Esta foi uma das formas de darmos resposta a um dos principais problemas que identificamos, o isolamento e solidão da população idosa. Todo este esforço, especialmente direccionado para a promoção da qualidade de vida dos seniores, combatendo uma das principais problemáticas que enfrentamos valeu-nos o reconhecimento como Município do Ano da Região Norte com menos de 20 mil habitantes. Este é um trabalho que pretendemos continuar e melhorar adaptando as respostas às necessidades que vão sendo identificadas, ouvindo os seniores e fazendo deste agentes activos na implementação de medidas que visam melhorar a sua qualidade de vida.
“O nosso maior desafio prende-se com a fixação da população jovem. É urgente contrariar os impactos trazidos pelo envelhecimento populacional, baixa natalidade e perda de população. Tal só será possível se conseguirmos criar as condições para atrair e fixar jovens”.
Que outras prioridades estão na agenda?
No contexto que actualmente vivemos, sabemos o quão importante é trabalhar a inclusão social, mas também combater a pobreza e apoiar famílias carenciadas. Este é outro dos grandes desafios que se colocam, actualmente, às autarquias. Se estas questões são relevantes no que toca à promoção da qualidade de vida o que é certo é que também não podemos descurar a questão ambiental. Neste campo, a nossa meta é continuar a valorizar e preservar a qualidade ambiental do concelho, que é das melhores do país. Por sua vez, pretende-se dar continuidade às políticas de reabilitação urbana sustentável, melhorando a qualidade de vida urbana.
Na sua opinião, qual é o maior desafio que Alfândega da Fé enfrenta e como pode ser ultrapassado?
O nosso maior desafio prende-se com a fixação da população jovem. É urgente contrariar os impactos trazidos pelo envelhecimento populacional, baixa natalidade e perda de população. Tal só será possível se conseguirmos criar as condições para atrair e fixar jovens. Isto passa, obviamente, pelo estímulo e apoio à criação de emprego mas também pelo incentivo à formação e aquisição de competências para preparar o futuro. Estamos cientes de que a elevada qualificação permite gerar e manter actividades económicas criadoras de emprego, sendo este um factor importante para reverter o fenómeno da perda de população. Estamos a trabalhar em parceria com o agrupamento de escolas, instituições de ensino superior e a aproveitar todas as oportunidades de fixar jovens no território em várias vertentes. Este trabalho visa criar as bases não só para o desenvolvimento e apoio a projectos de valorização e dinamização territorial, através da cooperação institucional e transferência de conhecimentos, mas também desenvolver uma cultura de valorização e conhecimento das potencialidades do nosso território, atraindo investimento, incentivando os jovens qualificados a direccionar a sua capacidade empreendedora e inovadora para o desenvolvimento do território.
Que características do território identifica como sendo as principais oportunidades?
Alfândega da Fé é um concelho com boa qualidade de vida, em particular uma qualidade ambiental excelente. No campo das potencialidades, há que destacar o sector turístico. Alfândega da Fé oferece enormes potencialidades neste campo, nomeadamente no que diz respeito ao turismo de natureza, náutico (Barragem do Sabor), religiosos (Santuário do Santo Antão, Santuário dos Cerejais e outros locais importantes do ponto de vista religioso). Por um lado, é uma área em franca expansão e desenvolvimento e que se assume como um sector chave para o desenvolvimento do território. Por outro, temos produtos agrícolas de muita qualidade e um cluster agrícola na área do azeite, amêndoa, castanha e hortofrutícolas que pode ser uma oportunidade para quem quiser investir na agricultura.
Que mecanismos são usados para que a autarquia possa alavancar essas oportunidades?
A autarquia está disponível para apoiar, em parceria com outras entidades, não só a possibilidade disponibilização de terras para investir, mas também a prestar todo o apoio e colaboração a investimento na agro-indústria para a transformação destes produtos locais de excelência. Para tal, o investidor pode servir-se dos nossos gabinetes de empreendedorismo e de apoio ao produtor. Deixe-me também referir que a autarquia apoia todos os investimentos acompanhando os investidores, desburocratizando as respostas que dependem da câmara e criando condições para as pessoas investirem no concelho e aqui criem emprego. Temos também uma área de acolhimento empresarial que pretendemos alargar e requalificar de modo a atrair e fixar novos investimentos e que está a cinco minutos do IC5. A juntar a tudo isto, existem os bons acessos interconcelhios e intraconcelhios, sendo que o IP2, o IC5 e a A4 desencravaram o nosso concelho que actualmente tem óptimos acessos.