Apenas três das 50 cidades portuguesas consideradas num relatório da Vodafone estão numa fase mais avançada da transformação digital para as smart cities. “Serão necessárias medidas políticas urgentes” para assegurar o cumprimento da meta europeia de alcançar 100 cidades inteligentes e neutras em carbono em 2030, alerta a empresa, que aponta, no entanto, para uma percepção geral de que as autoridades locais valorizam esta mudança.
Em que ponto da adopção de soluções smart cities estão as cidades europeias? Foi este o mote para um inquérito encomendado pela Vodafone à consultora independente Opinion Matters e que serviu de base ao relatório Fit for the Future Cities: How technology can accelerate sustainable change. Neste processo, foram ouvidos 550 decisores ligados à tecnologia e à inovação em autoridades locais, de dez países, incluindo Portugal.
No caso português, “a maioria [66%] dos inquiridos no país considera que Portugal já iniciou a sua jornada de transformação digital para as smart cities e [80% consideram] que as autoridades locais valorizam este conceito”, refere a Vodafone, em comunicado. Apesar disso, as respostas dos 50 especialistas urbanos portugueses mostram que o país precisa de reforçar a sua aposta para ter territórios mais inteligentes.
Em que ponto estão as cidades portuguesas?
O relatório avalia o progresso de transformação para uma smart city em cinco estágios, do mais básico ao mais avançado – New Explorers, Pathfinders, Foundational Architects, Integration Seekers e Front-Runners. Sem identificar quais as cidades em causa, fica-se a saber que, das 50 analisadas em Portugal, dez (20%) estão ainda perto da linha de partida, apresentando pouca maturidade tecnológica e estratégica e dificuldades na obtenção de financiamento – são as New Explorers. Na fase seguinte, já com algumas soluções smart cities implementadas, mas apenas num cluster, estão as Pathfinders, que, em Portugal, representam a maior fatia: 23 cidades, o correspondente a 46%.
Níveis mais elevados de adopção de soluções smart cities encontram-se em apenas quatro cidades portuguesas (8%), na categoria de Foundational Architects, e noutras dez cidades (20%) que, enquanto Integration Seekers, já estão um pouco mais à frente, procurando a integração das soluções. Na categoria mais avançada, Front-Runners, existem apenas três cidades (6%), que são já capazes de apostarem em soluções inovadoras e de se envolverem em redes internacionais.
Desafios à transformação
Globalmente, o relatório revela que 88% das cidades europeias consideradas já iniciaram o processo de transformação digital, mas, destas, 63% encontram-se nas duas categorias mais rudimentares e apenas 11% estão na categoria mais avançada. Em cada ponto do caminho, as cidades deparam-se com desafios. Apesar de alguns serem diferentes, no geral, há obstáculos comuns, nomeadamente aqueles que se relacionam com a falta de fundos, a legislação, a necessidade de existirem infraestruturas adequadas, as preocupações com privacidade e segurança, a complexidade dos procedimentos de aquisição, bem como com a falta de estratégia e com as competências digitais.
“Serão necessárias medidas políticas urgentes, incluindo financiamento adequado, a criação de task forces para as smart cities e a disponibilidade de conectividade de alta qualidade, para superar barreiras e garantir que a Comissão Europeia alcança a sua ambiciosa missão de ter, até 2030, 100 cidades inteligentes e neutras em carbono”, alerta a Vodafone.
Além de Portugal, os países envolvidos neste relatório são a Alemanha, a Chéquia, a Espanha, a Finlândia, a Grécia, a Itália, o Reino Unido, a Roménia e a Turquia. Destes países, 69% dos representantes urbanos revelaram estar a planear investimento em soluções smart cities nos próximos três anos, com cerca de metade a preverem um investimento de dois a dez milhões de euros durante este período.