Já está disponível uma nova ferramenta digital que acompanha a evolução das emissões de gases com efeito de estufa (GEE) nos municípios portugueses. Chama-se MEM+ (Monitorização de Emissões Municipais) e foi desenvolvida pelo IN+ (Centro de Estudos em Inovação, Tecnologia e Políticas de Desenvolvimento) no âmbito da Rede Cidades pelo Clima.
Acessível de forma gratuita através do endereço memmais.tecnico.ulisboa.pt, a plataforma disponibiliza um leque variado de dados sobre as emissões de GEE, seja com valores totais e anuais, mas também per capita e por Valor Acrescentado Bruto (VAB). Ao mesmo tempo, é possível consultar os resultados por setores (como Energia, Transportes e Resíduos e Águas residuais), subsetores, tipos de atividade, forma de energia utilizada e tipo de gás com efeito de estufa.
Esta análise detalhada permite ainda comparar resultados entre os municípios do continente (a Madeira e os Açores ainda não estão incluídos), bem como o progresso que cada um tem feito nos últimos anos. Por exemplo, o ranking de 2022 mostra que Sines foi o município nacional com mais emissões, seguido de Lisboa, Abrantes, Gondomar, Alenquer, Figueira da Foz, Setúbal e Matosinhos.
De acordo com os responsáveis, a MEM+ segue a metodologia BASIC do Global Protocol for Community Scale Greenhouse Gas Emission Inventories, o que lhe permite acompanhar as normas e critérios internacionais nesta matéria.
Cidades comprometidas
A nova plataforma foi apresentada durante a primeira sessão pública da Cidades Pelo Clima, uma rede composta por 20 municípios e regiões portuguesas manifestaram interesse em integrar a Missão Europeia “100 cidades climaticamente neutras e inteligentes até 2030”. Além de Lisboa, Guimarães e Porto (as três selecionadas pela União Europeia) o grupo integra também Braga, Matosinhos e Torres Vedras, municípios que aderiram posteriormente ao Twinning Learning Programme do programa Net Zero Cities. A estas juntam-se ainda mais duas comunidades intermunicipais – Região de Coimbra e Oeste CIM – e outros 12 municípios: Abrantes, Cascais, Famalicão, Figueira da Foz, Gaia, Loures, Maia, Tomar, Sintra, Valongo, Viana do Castelo e Vila Franca de Xira.

Durante a sessão, realizada na passada sexta-feira, João Ferrão, presidente do IN+ e chair do Mission Board of Climate-Neutral and Smart Cities, lembrou que esta rede está aberta a outras cidades, “bastando, para tal que tenham vontade política de chegar à neutralidade climática e dar alguma evidência de que há esforços que estão a ser feitos para isso, até porque este não é um grupo fechado, mas um grupo aberto”.
A iniciativa contou também com a participação de Ricardo Rio, presidente da Câmara Municipal de Braga e presidente da mesa da Assembleia Geral da Rede Cidades pelo Clima. O autarca sublinhou a importância da rede e o “seu espírito muito pragmático de orientação para soluções e resultados que podem ser partilhados e replicados, independentemente da escala e da localização de cada uma das cidades”.
Sobre a ferramenta MEM+, destacou a capacidade de traduzir de forma objetiva e quantificada os desafios das cidades. “Ela não só identifica as fontes das emissões, define metas e prioridades e fundamenta as opções das políticas públicas, como também é algo que nos vai permitir prestar contas do ponto de vista do cumprimento de metas, seja a nível nacional ou internacional”, reiterou Ricardo Rio.
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