O mês de novembro foi o segundo mais quente de que há registo, contribuindo para fazer de 2024 o ano mais quente de sempre desde que há dados, estima o observatório europeu Copernicus. De acordo com o Serviço de Alterações Climáticas (C3S), no mês passado as temperaturas subiram 1,62°C em relação aos níveis pré-industriais, fazendo de novembro o 16.º mês dos últimos 17 a ter um aumento de, pelo menos, 1,5°C comparativamente com o período 1850-1900.

Esta barreira simbólica corresponde ao limite mais ambicioso do Acordo de Paris, estabelecido em 2015, que definiu o objetivo de manter aquecimento global abaixo dos 2°C e continuar os esforços para o limitar a 1,5°C.

“Neste momento, é praticamente certo que 2024 será o ano mais quente desde que há registos e [ficará] mais do que 1,5 graus Celsius acima dos níveis pré-industriais”, informou este segunda-feira o programa europeu Copernicus no seu boletim mensal.

Ainda assim, como referiu a diretora-adjunta do C3S, Samantha Burgess, “isto não significa que o Acordo de Paris tenha falhado, mas significa que a ação climática ambiciosa é mais urgente do que nunca”. A corroborar a preocupação dos cientistas estão as temperaturas médias globais dos primeiros 11 meses do ano, que foram 0,72°C superiores à média de 1991 a 2020. Isto porque representam o valor mais elevado desde que há registo para este período e 0,14°C mais quente do que no mesmo período em 2023.

Estimativa de temperaturas desde 1940 até 2024. Gráfico: © C3S/ECMWF

Recorde-se que já no mês passado o Copernicus tinha previsto que 2024 seria o ano mais quente desde que há registo. “A anomalia da temperatura média para o resto de 2024 teria de cair para quase zero para que 2024 não fosse o ano mais quente”, explicaram na altura os cientistas.

No mesmo sentido, também os peritos da Organização Meteorológica Mundial (OMM) alertaram que 2024 se encaminha para ser o ano mais quente e explicaram-no num relatório entregue antes da COP29 ao secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

“Não é uma surpresa. E temos de reconhecer que os cientistas têm vindo a assinalar este facto há muitos anos – mais de 30 anos, na verdade – e que o que é uma surpresa é a lentidão com que se reage”, afirmou Celeste Saulo, secretária-geral da OMM, durante a conferência da ONU sobre o clima que teve lugar no Baku, no Azerbaijão.

Recorde-se que na COP29 ficou decidido que os países têm até ao mês de fevereiro do próximo ano para enviar às Nações Unidas a revisão das suas metas climáticas até 2035.

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