A FIL – Feira Internacional de Lisboa prepara-se para receber a 10.ª edição do Portugal Smart Cities Summit (PSCS), que se realiza entre 8 e 10 de outubro. Para Elisabete Martins, gestora do evento, o certame é “o grande marketplace do setor em Portugal” e ponto de encontro privilegiado entre municípios, empresas, academia e público em geral. Durante três dias, as grandes novidades e tendências do setor passam pelo PSCS.

Quais são os principais destaques e novidades da 10.ª edição do Portugal Smart Cities Summit?  

A dinâmica do setor das smart cities é impulsionada pela constante inovação e pelo surgimento de novidades tecnológicas a um ritmo elevadíssimo. Mas não só. Surgem também constantemente novidades em termos de regulamentação e políticas públicas, de mudança de novos desafios ligados à sustentabilidade, à segurança, ou à interoperabilidade com outras áreas que têm relação direta com as smart cities. Assim, todos os participantes terão a oportunidade de conhecer as mais recentes novidades ligadas a áreas como o financiamento, ESG – Enviromental Social Governance, energia, reabilitação urbana, mobilidade, IoT, alterações climáticas, água, resíduos e ambiente, economia verde e circular, inteligência artificial (IA), segurança eletrónica, cibersegurança e bigdata, entre outras.  

Para além da área expositiva, que se assume como o grande marketplace do setor em Portugal, esta edição conta com um vasto programa de conferências, onde vão estar presentes especialistas nacionais e internacionais, que irão debater os grandes temas e desafios das smart cities para os próximos anos. 

Há alguma que realce?  

Gostaríamos de destacar a conferência “Autarquias, Empresas e Cidadãos”, no dia 8 de outubro, com a participação de um vasto número de autarcas, seguida da cerimónia de entrega de prémios PSCS – António Almeida Henriques, que realiza a sua 2.ª edição.  

De salientar ainda que estão a decorrer as inscrições para as candidaturas aos Prémios Portugal Smart Cities – António Almeida Henriques, cujos projetos premiados serão conhecidos no 1.º dia do evento.   

Neste ciclo de conferências destacamos também o Security Summit, organizado em parceria com a APSEI, onde serão debatidas as principais temáticas ligadas às tecnologias da segurança eletrónica aplicada às cidades inteligentes, assim como a troca de conhecimento e experiências sobre como a nova realidade da IA é utilizada para fortalecer a segurança em ambientes urbanos.   

No âmbito da proximidade que pretendemos entre empresas e municípios, iremos criar ainda um espaço designado por “Loja do Município” onde será possível aos visitantes do evento tratar de diferentes tipos de situações junto dos serviços camarários dos municípios envolvidos. A possibilidade de reunir com autarcas ou responsáveis municipais será também possível às empresas presentes na feira, através da marcação de reuniões B2B através de uma plataforma de agendamento específica.   

Entre as autarquias já confirmadas, destacamos a presença de Guimarães, enquanto cidade convidada.  

Os municípios têm ganho cada vez mais protagonismo no certame. Como justifica este interesse crescente e que expetativas poderão ter eles para esta edição?   

Efetivamente, há cada vez mais municípios e técnicos municipais a participar no Portugal Smart Cities Summit, o que nos permite ter uma perspetiva muito otimista relativamente ao caminho que o evento está a fazer. A cada nova edição, assistimos ao surgimento de novos projetos inovadores e sustentáveis de inteligência urbana promovidos pelos municípios que visam tornar as suas cidades opções apetecíveis de investimento para quem procura regiões inovadoras e economicamente viáveis.   

O Portugal Smart Cities é assim um evento incontornável para os municípios, na medida em que oferece a oportunidade de reforçarem o seu posicionamento enquanto cidades inteligentes, estabelecerem networking com fornecedores, parceiros, investidores, empreendedores, tecido empresarial e público em geral.
De realçar também que a participação nas conferências permite que todos os participantes tenham acesso à informação mais relevante para a concretização dos seus projetos, bem como dos diversos pacotes de financiamento que estão ao dispor no âmbito do PRR, entre outros apoios disponíveis.

A internacionalização mantém-se uma das principais apostas do evento?   

A internacionalização é uma aposta permanente do evento. Em todas as edições procuramos crescer em termos da presença de expositores internacionais e também na participação de visitantes internacionais qualificados, representantes de empresas que se encontram na cadeia de valor.    

Nas conferências vão participar igualmente especialistas internacionais, que nos trazem a realidade de outros mercados, a anunciar oportunamente em cada uma das temáticas.    

Apesar de despertar mais interesse num público específico, ligado às autarquias, empresas e academia, este não deixa de ser um evento aberto a todos. Que motivos de interesse poderá encontrar o público em geral?  

Há uma enorme transversalidade dos sectores associados às cidades inteligentes e uma enorme abrangência dos temas em análise, pelo que o Portugal Smart Cities Summit é um evento de interesse geral. Para além do público geral, devemos realçar que este evento destina-se a todas as entidades e empresas que estão presentes na cadeia de valor dos diversos sectores que contribuem para as smart cities, com especial destaque para autarcas, técnicos municipais, decisores de empresas, engenheiros, arquitetos, investidores, empreendedores, professores, estudantes do ensino universitário e secundário, bancos e instituições financeiras, decisores de organizações públicas, consultores, empreiteiros, designers, embaixadas, fornecedores e compradores de tecnologias, integradores de sistemas tecnológicos, operadoras de telecomunicações e agências de planeamento e desenvolvimento urbano.

A cada nova edição, assistimos ao surgimento novos projetos inovadores e sustentáveis de inteligência urbana promovidos pelos municípios”

Os Prémios Portugal Smart Cities Summit – António Almeida Henriques também voltam a marcar o evento. Que significado têm estes galardões?   

Os Prémio Portugal Smart Cities – António Almeida Henriques, têm por objetivo fazer emergir os melhores projetos em cada uma das áreas a concurso. São consideradas seis categorias, nomeadamente neutralidade carbónica, mobilidade, reabilitação urbana sustentável e inteligente, espaço público, transformação digital, saúde e bem-estar.

Em 2023, recebemos 50 candidaturas aos Prémios. Concorreram Comunidades Intermunicipais, Municípios nacionais e Juntas de Freguesias, que se distinguiram na implementação com sucesso de projetos sustentáveis e pela criação de soluções de inteligência urbana.   

O PSCS tem acompanhado o crescimento do mercado da inteligência urbana no nosso país. Como projeta o futuro do setor em Portugal?   

As tecnologias de informação estão na base das smart cities.  Até aqui, conceitos como big data, Machine Learning, cloud computing, IoT, ou redes de comunicação avançadas, têm permitido o surgimento e a generalização da utilização de novas soluções, impensáveis há alguns anos, e que melhoraram efetivamente a qualidade de vida dos cidadãos. Mas agora estamos a entrar num novo paradigma, dominado pela utilização da inteligência artificial. Na minha opinião, não se trata apenas de mais um progresso, mas sim de uma disrupção na evolução das smart cities, cujos resultados já começam a surgir. A grande diferença está naturalmente na capacidade generativa da inteligência artificial, e na sua aptidão para analisar, propor e decidir, a cada momento e em cada circunstância, a solução mais adequada. 

Sabemos que o dia a dia de uma cidade moderna é um sistema extraordinariamente complexo, nas suas mais diversas vertentes. Seja na mobilidade, na utilização da energia, na gestão de água e resíduos, nas questões associadas à segurança, na saúde e bem-estar. Antecipamos facilmente que a introdução de IA irá otimizar processos e melhorar a eficiência em cada uma destas vertentes, com ganhos significativos na nossa vida coletiva. Porém, creio que a grande diferença surgirá com a introdução generalizada de ferramentas de IA na nossa vida individual, ao permitir que as soluções das smart cities sejam mais orgânicas, mais dirigidas à experiência de cada um de nós. E esse é um grande desafio: a de ajustar as soluções das smart cities à realidade individual de cada um dos seus habitantes. 

Nesse contexto, que papel assume o PSCS?

O objetivo do PSCS permanece inalterado desde o início: o de promover o surgimento de novos projetos no âmbito das smart cities, seja através da partilha de conhecimento científico e know-how, seja na geração de oportunidades de colaboração entre as empresas e municípios participantes.   

Trata-se assim de dar expressão efetiva às tendências de um mercado em crescimento, onde se apresentam várias soluções tecnológicas de gestão urbana, e simultaneamente se apresentam os grandes desafios, necessidades e oportunidades junto dos principais stakeholders dos diferentes sectores.    

De referir ainda que esta iniciativa tem vindo a cimentar o seu posicionamento ao longo dos últimos anos, reunindo empresas e startups que promovem o crescimento e a mudança no mercado da inteligência urbana e sustentável, acompanhando de perto a implementação de novas políticas públicas nas cidades. 


Este artigo foi originalmente publicado na edição nº 44 da Smart Cities – julho/agosto/setembro 2024.