Diminuir o risco de incêndios rurais e, ao mesmo tempo, aumentar a resiliência de terrenos e povoações, é o objetivo do projeto “Restauro de Serviços de Ecossistema”, lançado pela autarquia de Loulé em parceria com a ANP|WWF. A iniciativa vai ser implementada em cinco aldeias do interior do concelho – Águas Frias, Sarnada, Cortinhola, Amendoeira e Vermelhos – que já começaram a preparar um conjunto de ações no terreno, a maioria prevista para o próximo ano.

Entre elas estão, por exemplo, a limpeza de matos e a redução de biocombustível, a eliminação de espécies exóticas invasoras e a diversificação das espécies de árvores e arbustos presentes, incluindo a plantação de espécies autóctones. “A ideia é tentar construir um mosaico para que o fogo tenha dificuldade em andar a direito, porque sabemos que os casos mais graves têm sempre a ver com as monoculturas. Às vezes basta manter uma pequena horta ou um pequeno olival e até não há problema se houver um pequeno pinhal, desde que não tenha mato”, explica à Smart Cities Afonso do Ó, especialista em água, clima e restauro da ANP|WWF.

A iniciativa começou por identificar os valores de ecossistemas do concelho de Loulé, o que levou à escolha das cinco aldeias, e nesta fase procura-se envolver a população e os donos dos terrenos, com o objetivo de identificar as áreas onde as ações serão implementadas. Para isso já houve várias sessões de sensibilização ambiental e sessões de esclarecimento junto dos proprietários. “Esta semana é um bom exemplo para percebermos como é importante que à volta de qualquer povoação, mais do que em qualquer outro sítio, é essencial o contributo de cada um, com a sua pequena parcela, para que se forme um conjunto que proteja as aldeias e as torne menos suscetíveis a fogos mais ferozes”, acrescenta o consultor da organização ambiental.

Já o vereador da Câmara Municipal de Loulé, Carlos Carmo, lembra que esta é também uma forma de “suprir o facto de, no atual Programa de Transformação da Paisagem Nacional, apenas a freguesia de Salir ser elegível para os chamados Condomínios de Aldeia”. “Com o apoio técnico da ANP|WWF, criámos por isso o nosso próprio programa de “Aldeias Resilientes”, alargado a todo o interior do concelho”, justifica.

Depois de garantido o financiamento direto da autarquia, que também tem um papel fundamental no esclarecimento às populações, o projeto procura agora encontrar novos apoios junto de outras entidades. Paralelamente, já foram realizadas (ou serão em breve) outras ações, como a criação de uma base, a elaboração de um regulamento técnico de boas práticas, a definição de indicadores de monitorização de capital natural e a proposta de um mecanismo de pagamento de serviços de ecossistema.

Fotografia de destaque: © CM Loulé