Os consumidores portugueses são os que mais acreditam na possibilidade de as marcas utilizarem a sustentabilidade apenas para fins promocionais. De acordo com o 3º Relatório Global de Consumo MARCO 2024, 90% dos inquiridos nacionais suspeita que as empresas fazem das credenciais de sustentabilidade um instrumento de marketing, em vez de revelarem um verdadeiro compromisso com a responsabilidade ambiental e social.

Depois de realizarem um inquérito junto de 11 países, os autores do estudo colocam Portugal no topo dos que mais revela esta preocupação, à frente da África do Sul, com 86%, do México, com 85 % e de Espanha, com 82%. A nível global a média é de 81%.

Ainda assim, o mesmo trabalho revela que os consumidores nacionais estão cada vez mais motivados a fazer escolhas sustentáveis no dia a dia. Por exemplo, 95% diz que a reciclagem é importante para poupar os recursos naturais, um resultado 5% acima da média global (90%). Além disso, 66% consideram positiva a utilização de automóveis elétricos para proteger o ambiente, enquanto 55% afirma comprar produtos em segunda mão com o objetivo de promover práticas de consumo mais sustentáveis. Dois pontos em que estamos alinhados com a média global. Já questionados sobre a possibilidade de deixarem de andar de avião por questões ambientais, apenas 44% dos portugueses admitiu essa possibilidade, um número abaixo da média global (53%).

“Estas conclusões sublinham a importância da transparência e da responsabilidade nas iniciativas de sustentabilidade das empresas. À medida que os consumidores se tornam mais exigentes e esperam provas de um compromisso genuíno, as empresas devem navegar cuidadosamente neste novo cenário”, afirma Diana Castilho, Head of Portugal da MARCO, uma agência internacional dedicada à construção de marcas e gestão de reputação.

Também Emmanuelle Jacquety, Head of Sustainability Communications da empresa, defende que “o crescente ceticismo dos consumidores em relação às credenciais de sustentabilidade das empresas é um sinal de alerta para as empresas de todo o mundo”.  Para a responsável, “já não é suficiente promover simplesmente a sustentabilidade. As empresas devem demonstrar um impacto real e mensurável. A transparência, a responsabilidade e um compromisso real com a sustentabilidade são fundamentais para recuperar a confiança dos consumidores”.

O estudo envolveu uma amostra de mais de 7.300 participantes de 11 países: Brasil, França, Alemanha, Itália, México, Marrocos, Portugal, África do Sul, Espanha, Reino Unido e EUA. Os inquéritos foram realizados entre dezembro de 2023 e janeiro de 2024.

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