“Queremos estar na linha da frente do Médio Tejo e ser um exemplo para a região”. Quem o diz é Bruno Gomes, presidente da Câmara Municipal de Ferreira do Zêzere e vice-presidente da Comunidade Intermunicipal (CIM) do Médio Tejo, que, em entrevista à Smart Cities, traçou as principais apostas e prioridades do município.
Entre elas está a mobilidade sustentável, como revela a participação no mais recente projeto da CIM, o Meio B, um sistema intermunicipal de bicicletas elétricas partilhadas que abrange, nesta fase, onze concelhos da região. Para já, Ferreira do Zêzere conta com quatro estações de bicicletas e em breve terá mais duas, esperando que nos próximos meses possam surgir centenas de assinaturas. “Como tivemos uma aceitação muito grande por parte dos outros instrumentos de mobilidade, nomeadamente o transporte a pedido, achamos que o mesmo vai acontecer com este novo sistema. É, de facto, um projeto muito importante para o concelho e para a região”, diz Bruno Gomes.
O autarca adianta que o próximo objetivo é instalar estações por todo o concelho e lembra que a aposta na mobilidade sustentável também passa pela recente aquisição de duas carrinhas elétricas, além do barco elétrico de recreio que navega na albufeira de Castelo de Bode.
A barragem é, de resto, uma das principais mais-valias do município e reflexo da “grande aposta num turismo diferenciado, de excelência e qualidade singular”, em linha com o objetivo de Ferreira do Zêzere ser “uma referência de sustentabilidade”, diz Bruno Gomes. Ainda assim, também não deixa de apresentar grandes desafios, admite o presidente da câmara, desde logo ao nível da construção, porque implica “um conjunto de regras duras para aquilo que é a expectativa das pessoas”. “Elas acham que um novo plano de ornamento da barragem de Castelo de Bode e um novo plano diretor municipal vêm amenizar as restrições e permitir a edificação, mas devo dizer, com toda a frontalidade, que criam mais regras e exigir mais equilíbrio a vários níveis”, acrescenta.
A esta problemática juntam-se ainda outras dificuldades associadas à albufeira, como a queda de taludes, a plantação de espécies autóctones e, sobretudo, os incêndios rurais que provocam a escorrência de cinzas para a albufeira.
Energia, água e… uma smart region
Em conversa com a Smart Cities, o presidente da Câmara Municipal de Ferreira do Zêzere identificou também diversas oportunidades para o município, a começar pelo financiamento para a eficiência energética que deu origem “a vários projetos de execução para se poder concretizar investimento”.
Outros investimentos passam pelos resíduos em baixa e pela água, neste caso com vista à redução do desperdício na rede. “Nós tínhamos perdas de água que rondavam os 55%/60% e só no último ano tivemos uma redução de cerca de 9%, mas a empresa intermunicipal Tejo Ambiente está a trabalhar para conseguir aceder a fundos comunitários e para tornar os sistemas mais eficientes”. Na opinião de Bruno Gomes, este “é mais um exemplo e uma prova de que juntando sinergias, conseguimos trabalhar em escala e em novas infraestruturas importantes”.
O também vice-presidente da CIM do Médio Tejo diz que “se esta não for a melhor [comunidade intermunicipal], é certamente das melhores”, graças a uma “unidade muito grande e a uma enorme relação entre todos os municípios”. Neste sentido, Ferreira do Zêzere compromete-se a reforçar a coesão territorial e os laços com os outros concelhos da região, também ao nível da inovação, “para que o Médio Tejo seja um smart region e esteja na linha da frente nacional”. “Queremos que isso aconteça na questão da inteligência artificial e municipal, na transição digital e na desburocratização, que é sempre uma necessidade muito grande, mas também na desejada gratuitidade dos transportes, que seria um passo de excelência para o Médio Tejo”, conclui Bruno Gomes.
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