Fazer chegar as plantas aromáticas e medicinais portuguesas à indústria cosmética e farmacêutica de todo o mundo é o objetivo de um projeto nacional, o PAM4Wellness, que envolve investigadores, produtores, associações e municípios. Nascido na Universidade da Beira Interior (UBI), em parceria com o Politécnico de Castelo Branco, surgiu para organizar e potenciar a cadeia de valor deste setor, composta sobretudo por pequenos produtores do interior do país que ambicionam chegar mais longe, juntos.

Para isso, o projeto começou por estudar as plantas mais produzidas em Portugal e identificar quais poderão ter maior procura do mercado internacional da saúde, diferenciando-se do que é oferecido pelos outros países. Entre elas, sobressaíram duas: a esteva e o tomilho-limão.

“Como a França tem a lavanda, nós também quisemos ter as nossas coqueluches em termos de comunicação para o futuro, servindo de bandeiras de qualidade da produção. Assim, escolhemos a esteva ibérica, porque é um ingrediente cosmético muito relevante, e o tomilho-limão, que durante muito tempo suscitou o interessa da indústria”, revelou a investigadora da UBI, Ana Palmeira de Oliveira.

A esteva foi considerada uma das plantas com maior potencial de valorização

Em entrevista à Smart Cities, a também presidente da Associação Empresarial da Beira Baixa, lembrou que “tanto uma como a outra são muito procuradas para produtos antienvelhecimento, para o acne ou para A cicatrização da pele, por exemplo”, e que a esteva também tem a particularidade de “estar associada à limpeza da floresta, numa lógica de circularidade e de ajuda à prevenção dos incêndios”.

Mas estas não São as únicas plantas com potencial de valorização. Também o medronheiro foi apontado como produto capaz de despertar interesse junto da indústria, a par, por exemplo, de outros tipos de tomilho produzidos em Portugal.

Relevante é também o facto deste projeto ter sido implementado em territórios de baixa densidade, nomeadamente nas regiões Norte, Centro (com destaque para o Pinhal Interior) e Alentejo, além do Algarve, no caso do medronheiro. Houve mesmo um município do interior que ganhou especial protagonismo, Proença-a-Nova, ao definir um plano de implementação de modelos de negócio para o setor, bem como uma infraestrutura logística que poderá servir de exemplo a outras autarquias.

Deste projeto resultou também um conjunto de documentos úteis aos produtores, no sentido de se familiarizarem com as exigências do setor farmacêutico, bem como diversas formas de organização comum a nível logístico. Fez-se também um levantamento de casos que poderiam ser associados ao turismo, nomeadamente ao nível do alojamento local ou da gastronomia.

Financiado pelo COMPETE 2020, o projeto teve a duração de ano e meio e foi concluído em 2023, mas continuou a servir de estímulo e apoio ao setor. Tanto investigadores como produtores têm a expetativa de poder surgir uma nova etapa, numa versão PAM4Wellness 2.0.

Fotografia de destaque: @ Projeto PAM4Wellness