O conceito de cidade dos 15 minutos desperta cada vez mais interesse no país, como demonstram os projetos com intervenção portuguesa selecionados no mais recente concurso da Driving Urban Transitions. A parceria europeia vai apoiar 20 consórcios transnacionais dedicados a esta temática e Portugal é dos países mais representados, ao integrar cinco.
Dois estão relacionados com o tópico sobre políticas de mobilidade e planeamento orientadas para a proximidade, como é o caso do projeto AGE-15, que aborda os desafios do envelhecimento urbano através de ideias associadas à cidade dos 15 minutos. Além de Portugal, fazem ainda parte deste grupo o Canadá, o Japão, os Países Baixos, a Suécia (líder do projeto) e a Turquia.
O nosso país participa também no projeto PROWD – Proximidade sem densidade, que pretende promover iniciativas comunitárias nas áreas da educação, saúde e comércio que se adaptem a zonas de baixa densidade, reduzindo a dependência do automóvel. Itália, Hungria, Lituânia e Roménia completam o consórcio.
Já no tópico dedicado à capacitação das pessoas para a transição da mobilidade urbana, há parceiros portugueses em dois projetos (as entidades ainda não foram divulgadas). Um deles é o CONIFER, que ao envolver crianças, educadores e comunidades, procura criar estratégias de cidades dos 15 minutos inclusivas e acessíveis através de laboratórios cívicos participativos. O outro, liderado por uma universidade de Munique (Alemanha) chama-se UNLOCK15 e já começou a ser posto em prática em diversas cidades, ajudando, por exemplo, a reduzir a dependência dos automóveis e a criar rotas cicláveis urbanas.
Juntamente com outros países, Portugal participa ainda num projeto que cruza vários tópicos relacionados com a cidade dos 15 minutos: o HAT – Hyping Agriculture and Transit. Coordenado pela Universidade de Estocolmo (Suécia), pretende potenciar o uso dos transportes públicos, ao mesmo tempo que promove a agricultura urbana.
Recorde-se que a cidade dos 15 minutos é um conceito desenvolvido pelo professor de urbanismo franco-colombiano Carlos Moreno, segundo o qual os moradores de uma cidade devem ter a uma curta distância todos os serviços essenciais, como escolas, hospitais, comércio, espaços verdes, de lazer e cultura. Para isso, defende que seja possível chegar até eles (e também ao trabalho) em 15 minutos, a pé, de transportes públicos ou através de meios de mobilidade suave, como a bicicleta.
Energia, circularidade e… um novo concurso
Além de iniciativas relacionadas com a cidade dos 15 minutos, o segundo concurso da Driving Urban Transitions vai também apoiar projetos de outras duas temáticas: Distritos de Energia Positiva (Positive Energy Districts – PED, em inglês) e Economias Urbanas Circulares. Na primeira, foi escolhido um projeto com participação lusa, o InterPED, que ao longo de três anos irá envolver parceiros de vários países, criando ferramentas para a transformação energética.
Já em matéria de circularidade, haverá entidades portuguesas em dois projetos, um sobre coberturas e telhados ativos nas cidades do Sul da Europa, e outro, o B Green, que tem como missão reintegrar a natureza na vida urbana, melhorando a biodiversidade nas cidades através de soluções inovadoras e baseadas em dados.
No total, o concurso de 2023 a DUT vai apoiar 47 projetos de 27 países, a maioria da União Europeia, mas não só. Já o terceiro aviso (relativo a 2024) será lançado pela Comissão Europeia a 2 de setembro e terá como foco as mesmas temáticas.
Lançada oficialmente em 2022, a parceria europeia Driving Urban Transitions visa contribuir para o desenvolvimento de ecossistemas inovadores e para a criação de novas ferramentas que capacitem as autoridades locais, as empresas e os cidadãos. É umas das 49 parcerias do Horizonte Europa e a única exclusivamente dedicada ao desenvolvimento urbano sustentável. Para isso, junta mais de 60 parceiros de 27 países, entre eles cinco portugueses: a Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte e do Centro (CCDR Norte e CCDR Centro), a Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) e a Direção-Geral do Território (DGT).
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