Em Cascais, a recolha de biorresíduos já chega a todo o território. A expansão da recolha a todo o concelho arrancou em Outubro e coloca o município na dianteira do cumprimento da obrigatoriedade da recolha de resíduos orgânicos a nível nacional, que entrará em vigor a 1 de Janeiro de 2024.

No que começou como um projecto piloto em 2018 em Carcavelos, a recolha de biorresíduos  em Cascais chega agora à totalidade do território. Depois de ter sido anunciada em Julho pela Cascais Ambiente, empresa responsável pela gestão de resíduos no concelho, a expansão desta recolha selectiva arrancou em Outubro, antecipando, assim, a exigência prevista pela Directiva dos Resíduos. A lei comunitária determina que, a partir de 1 de Janeiro de 2024, a recolha selectiva de biorresíduos ou a sua separação e reciclagem na origem passe a ser obrigatória, cabendo aos municípios garantir o seu cumprimento.

Para preparar esta mudança, Cascais implementou um sistema inovador que utiliza sacos ópticos para a recolha dos resíduos orgânicos. Os munícipes recebem em casa um contentor de sete litros, um rolo de sacos verdes e informação sobre o que são biorresíduos para que possam fazer a separação correctamente. O saco é, depois, fechado e colocado no mesmo contentor do lixo comum, onde será recolhido, juntamente com os indiferenciados, pelos camiões da Cascais Ambiente. Daí, segue para a Tratolixo, onde um separador óptico faz a divisão entre os biorresíduos e os restantes. No final do processo, os biorresíduos são usados para a produção energética.

Sistema inovador que já é usado no Norte da Europa

Enquanto parte de uma estratégia de gestão de resíduos urbanos que visa alcançar uma meta de reutilização e reciclagem de 60% em 2030, o projecto de recolha de biorresíduos em Cascais teve também impacto no comportamento dos munícipes. Nas zonas em que a recolha foi implementada, a Cascais Ambiente registou um aumento da taxa de reciclagem de 12 para 40%.

“A recolha em sacos ópticos provou ser uma forma eficaz de separação e valorização dos restos de comida, com um baixo impacto financeiro nas operações de recolha,” afirma Luís Almeida Capão, presidente do Conselho de Administração da Cascais Ambiente.

Segundo a empresa municipal, a escolha deste sistema, que é utilizada nos países nórdicos, justifica-se com poupanças financeiras e ambientais “significativas”, já que “mantém os circuitos de recolha dos resíduos indiferenciados, utilizando os mesmos camiões em circulação e os mesmos recursos humanos”.

Além de evitar as emissões de gases com efeito de estufa de meios adicionais e de ser simples para o cidadão, o sistema “não aumenta a contentorização na rua, nem as necessidades de lavagem, o que representa uma real poupança de água”, e poderá ser utilizado para outros fluxos de resíduos, como é o caso dos têxteis e dos têxteis sanitários, que a Cascais Ambiente tenciona “em breve” recolher em co-colecção.

Não obstante, no debate sobre se esta será a melhor solução a adoptar para a recolha dos biorresíduos, levantam-se receios relativamente às possíveis contaminações do produto final (composto) e à eventual necessidade de elevados investimentos iniciais.

Além de Cascais, o sistema de recolha de biorresíduos em sacos ópticos está também a ser implementado pelos municípios de Mafra, Oeiras e Sintra, sendo que têm em comum a entidade responsável pelo tratamento dos resíduos em alta, a Tratolixo, onde existe o separador óptico. À semelhança de Cascais, também Sintra, através dos SMAS de Sintra, está a alargar a recolha a todo o território desde Outubro.