O município de Cascais vai expandir a recolha de biorresíduos em sacos ópticos a todo o seu território. O anúncio, feito hoje em comunicado, alarga a iniciativa piloto que estava a ser testada desde 2018 com o propósito preparar o concelho para a obrigatoriedade da recolha selectiva ou separação e reciclagem na origem dos resíduos orgânicos, que chega em finais de 2023.

Nesse sentido, a partir de Setembro, os munícipes de Cascais vão receber em casa um contentor de sete litros, um rolo de sacos verdes e informação sobre o que são os biorresíduos e o que podem colocar neste saco verde, que deve, depois, ser fechado e colocado no contentor dos resíduos urbanos indiferenciados. Depois de recolhidos pelos camiões da Cascais Ambiente, empresa responsável pela gestão de resíduos no concelho, os sacos serão encaminhados para a TRATOLIXO, entidade que faz o tratamento em alta, onde, na central de triagem e de tratamento, um separador óptico vai futuramente separar os sacos verdes contendo os biorresíduos dos restantes. Depois disso, os biorresíduos seguem para valorização energética.

Desde 2018, o sistema, inovador em Portugal mas que é usado em países nórdicos, está a ser testado em Cascais, num circuito que inclui actualmente cinco mil famílias. Nesta zona piloto, ao longo deste tempo, foi possível registar um aumento da taxa de reciclagem, não só de biorresíduos, mas também papel, plástico e vidro, que passou de 12% para 40%.

“A recolha de biorresíduos em sacos ópticos provou ser uma forma eficaz de separação e valorização dos restos de comida, com um baixo impacto financeiro nas operações de recolha,” afirma Luís Almeida Capão, presidente do Conselho de Administração da Cascais Ambiente, indicando “os custos reduzidos para a operação, através da optimização das rotas de recolha já existentes”.

Segundo a entidade, o sistema não exige contentores especiais nem camiões dedicados à recolha, não aumentando assim as emissões de gases com efeito de estufa, a presença de contentores nas ruas ou as necessidades de lavagem, “o que representa uma real poupança na água”, refere o comunicado. Adicionalmente, este sistema pode ainda ser optimizado para novos fluxos, à semelhança do que acontece em Estocolmo, onde as entidades responsáveis usam a separação óptica para gerir oito fluxos de resíduos. A introdução de novos fluxos faz, inclusivamente, parte das intenções do município de Cascais nesta matéria, nomeadamente no que se refere aos têxteis e têxteis sanitários.

Apesar destes argumentos a favor, no país, a solução não é acolhida por todos com o mesmo entusiasmo. O cepticismo é motivado pelo investimento necessário para o separador óptico, que, no caso da TRATOLIXO, rondou os cinco milhões de euros, pelos custos associados à aquisição dos sacos e também pelos efeitos negativos que estes podem ter na qualidade de composto resultante da valorização dos biorresíduos.

A Expansão da Recolha de Biorresíduos em Sacos Ópticos insere-se numa estratégia de gestão dos resíduos urbanos em Cascais pensada para alcançar a meta de preparação para reutilização e reciclagem de 60% em 2030.

Recorde-se que a Directiva Europeia 2018/851 estabelece o ano de 2023 como meta para a concretização da recolha selectiva ou separação e reciclagem na origem de biorresíduos na União Europeia, pelo que cada vez mais municípios e outras entidades procuram implementar sistemas capazes de responder ao desafio da recolha e separação de resíduos.