Lisboa está entre as 20 cidades mundiais finalistas aos C40 Bloomberg Philanthropies Awards de 2022. A capital portuguesa distinguiu-se pelo trabalho desenvolvido no projecto “Parques e Jardins de Lisboa: o mesmo verde, a água é outra. Rega sustentável com água+”, na categoria Unidos na construção da resiliência climática. Os vencedores vão ser conhecidos a 19 de Outubro.
A rede C40 Cities e a Bloomberg Philanthropies anunciaram, a 19 de Agosto, a lista dos 20 projectos climáticos finalistas da edição deste ano dos C40 Bloomberg Philanthropies Awards. Entre os potenciais vencedores, que incluem cidades de todo o mundo, está o projecto levado a cabo pela câmara municipal de Lisboa (CML) e pela Águas do Tejo Atlântico de utilização de água reciclada para rega de espaços verdes, com vista a uma maior eficiência do uso dos recursos hídricos.
Organizados pelas duas entidades, os prémios C40 Bloomberg Philanthropies pretendem distinguir iniciativas ambiciosas, lideradas por autarcas, e com impacto comprovado na luta contra a crise climática, em cinco categorias: Unidos para acelerar acção imediata em sectores críticos; Unidos para limpar o ar que respiramos; Unidos na construção da resiliência climática; Unidos para a inovação; Unidos na construção de um movimento climático. Lisboa está nomeada na categoria Unidos na construção da resiliência climática, disputando o título com Daca (Bangladesh), Guadalajara (México) e Wuhan (China).
Em reacção à escolha de Lisboa como finalista, Carlos Moedas, presidente da CML, mostrou-se “muito satisfeito” pelo reconhecimento do “trabalho inovador na acção climática” feito pela cidade. No que se refere à eficiência do uso dos recursos hídricos, a capital portuguesa destaca-se pela criação de uma rede de água reciclada, a Água+, proveniente das três ETARs de Lisboa e com 55 quilómetros de extensão. Embora não seja potável, essa água é segura para a rega, lavagem de ruas, criação de lagos ou para ser usada nos sistemas de arrefecimento industrial, refere o município. A infraestrutura faz parte do Plano Estratégico de Reutilização de Água de Lisboa, que, até 2025, deverá permitir a poupança de três milhões de metros cúbicos de água potável ao município e de seis milhões de metros cúbicos aos grandes consumidores da cidade.

“Estamos fortemente empenhados em melhorar a eficiência no uso de água em Lisboa, fundamental num contexto de seca e de escassez deste recurso. Estamos a trabalhar com os lisboetas para melhorar a capacidade de adaptação da cidade a um clima em mudança, cumprir os nossos objetivos climáticos e assegurar uma transição energética mais justa e universal”, afirmou o autarca lisboeta em comunicado.
Cidades do Sul Global em destaque
Cerca de 70 cidades de todo o mundo concorreram à iniciativa internacional neste ano. Para apurar os projectos finalistas, foi feita uma primeira triagem pela consultora Nordic Sustainability tendo como base seis critérios – impacto climático imediato, benefícios alargados, inovação, colaboração, partilha e escalabilidade. Depois disso, especialistas da C40 e do Global Covenant of Mayors for Climate & Energy (Pacto dos Autarcas para o Clima e Energia Global) analisaram as candidaturas de forma a seleccionarem os 20 finalistas. Desta lista, cerca de dois terços referem-se a cidades do Sul Global. Os vencedores vão ser conhecidos durante a próxima C40 World Mayors Summit, que terá lugar em Buenos Aires, Argentina, a 19 de Outubro.
“Os prémios C40 Cities Bloomberg Philanthropies Awards homenageiam um conjunto diversificado de acções locais que estão a causar um forte impacto no mundo à nossa volta”, afirmou Mark Watts, director executivo da C40. “Os finalistas deste ano estão a ajudar a promover acções climáticas inclusivas que beneficiam todos os residentes de cidades de forma equitativa. Seis dos projectos seleccionados estão sedeados na América Latina, realçando a extraordinária liderança climática da região, que será ainda mais visível no final deste ano na cimeira C40 World Mayors Summit.”
Por sua vez, Michael R. Bloomberg, presidente do Conselho de Administração da C40 e Fundador das Bloomberg Philanthropies, sublinhou a importância de “homenagear os sucessos” das “soluções inovadoras para fazer face às alterações climáticas” promovidas por “presidentes de câmara ambiciosos e pragmáticos em todo o mundo”. “Os finalistas deste ano estão a liderar de forma clara. Se mais funcionários públicos – em todos os níveis – replicarem a sua abordagem, poderemos melhorar a saúde pública, criar empregos e vencer a luta contra as alterações climáticas.”