A ideia AYR.ID – Identidade climática digital, apresentada por uma equipa do CEiiA – Centro de Engenharia e Desenvolvimento, é a vencedora da 4.ª edição do Prémio IN3+, atribuído pela Imprensa Nacional-Casa da Moeda (INCM). Com o objetivo de apoiar projetos nas áreas da nanotecnologia, sistemas avançados de informação, robótica, automação, tecnologia de produção e materiais avançados, este galardão tem um valor global de um milhão de euros, o que faz dele o maior prémio de inovação do país. O primeiro classificado recebe até 600 mil euros, o segundo até 250 mil euros e o terceiro até 150 mil euros, verbas que serão depois utilizadas para financiar o desenvolvimento dos respetivos projetos de investigação e inovação (I&I).

Os premiados foram revelados na passada sexta-feira durante uma cerimónia realizada na Casa da Moeda, em Lisboa, que anunciou a AYR.ID como grande vencedora. Trata-se de uma ideia que pretende reforçar a importância e o contributo dos cidadãos para o combate às alterações climáticas, atribuindo-lhes um Número de Identificação Climático (NIC). Na prática, isso faz-se “indexando a dimensão da ‘sustentabilidade’ no dia-a-dia das pessoas à sua identidade digital”, dizem os investigadores do CEiiA que desenvolveram a ideia. São eles Pedro Gaspar, diretor de Novas Tecnologias de Negócio; Catarina Selada, coordenadora de Políticas e Estratégia; José Silva, diretor da Unidade de Mobilidade e Cidades do CEiiA; e Helena Silva, CTO (Chief Technology Officer).

O 2.º lugar foi atribuído à PeT – Plataforma Privacidade e Transparência, uma ferramenta dedicada ao tratamento de dados em serviços de base digital, que visa resolver o conflito entre a transparência e a privacidade. Para isso, torna possível validar indicadores-chave de desempenho publicados, mas sem revelar os respetivos dados subjacentes. A ideia foi desenvolvida por uma equipa de investigadores do INESC TEC, composta por Ana Nunes Afonso, José Orlando Pereira e Rui Carlos Oliveira.

Já o 3.º lugar foi entregue à ideia QuantSecure – Autenticação com identificadores fotónicos quânticos não clonáveis –, também ela com a missão de solucionar um problema: como responder à limitada segurança existente nos procedimentos utilizados na autenticação de dispositivos, objetos ou utilizadores, combinando elementos de segurança de elevado desempenho. À frente da candidatura estiveram Paulo André, Professor Catedrático no Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores do Instituto Superior Técnico; Rute Ferreira, Professora Associada com Agregação no Departamento de Física da Universidade de Aveiro; Emmanuel Zambrini Cruzeiro, investigador no Instituto de Telecomunicações (IT); e Paulo Mateus, Professor Catedrático no Departamento de Matemática do Instituto Superior Técnico.

A cerimónia de entrega dos prémios contou com a presença da Ministra da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Elvira Fortunato, e do Secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa, Mário Campolargo. Durante o evento realizou-se ainda uma mesa-redonda sobre “Inteligências e Inovação”, com Dora Moita, Presidente da INCM, João Gama, Coordenador da Estratégia Nacional de Inteligência Artificial, e Gustavo Miller, Diretor de Marketing da empresa Defined.ai.

A premiar inovação desde 2016

Juntando as quatro edições, o Prémio IN3+ já recebeu mais de 215 candidaturas e apoiou 11 projetos, que resultaram num valor superior a 9 milhões de euros de investimento em I&I, segundo informa a INCM.

O primeiro vencedor deste galardão (então chamado Prémio Inovador INCM), em 2016, foi o projeto Papel Secreto, dedicado ao desenvolvimento de sistemas eletrónicos, utilizando a tecnologia embebida no papel. Embalagens e rótulos em papel, selos inteligentes para proteção de marca e superfícies para revestimento interior de edifícios são alguns exemplos de aplicação deste papel inteligente. Uma ideia liderada por Elvira Fortunato, na altura investigadora, que resultou na criação de um laboratório colaborativo e se tornou uma referência na eletrónica impressa e flexível em substrato de celulose.

A segunda edição, em 2017, teve como vencedor o projeto ATLAS, cujo principal objetivo é melhorar o processo logístico de documentos de identificação, como o Cartão de Cidadão ou o Passaporte Eletrónico Português. Para isso, utiliza a robótica colaborativa para auxiliar o transporte de cartões entre as respetivas áreas de produção.

Na terceira edição, o prémio passou a chamar-se IN3+ e teve como primeiro classificado o projeto IDINA. Este ajuda a modernizar e simplificar os processos de identificação de cidadãos, permitindo que um conjunto de entidades de autoridade informal colaborem com os sistemas centrais de identificação do Estado na gestão e partilha de informação.

 Fotografia de destaque: © Nuno Silva / INCM