A ilha de São Miguel, nos Açores, é o palco de um projecto piloto que está a usar uma frota de dez automóveis eléctricos da Electricidade dos Açores (EDA) para fornecer energia à rede eléctrica. O Energia Sobre Rodas – V2G Açores está a ser implementado pela Galp no âmbito de um projecto que vai testar a tecnologia Vehicle to Grid (V2G).
Implementado pela Galp e desenvolvido em parceria com a Nissan, a Electricidade dos Açores, a tecnológica norte-americana Nuvve e a portuguesa Magnum Cap, o Energia Sobre Rodas – V2G Açores está a testar a tecnologia V2G, que permite a transferência de energia armazenada nas baterias de veículos eléctricos para a rede. O projecto está a ser acompanhado pela Direcção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) e pela Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE).
Desde o lançamento do piloto, em Abril, até ao momento, os testes que decorrem com uma frota de dez automóveis da Electricidade dos Açores permitiram injectar na rede 13,4 megawatts-hora, “energia equivalente ao consumo médio de 15 casas por dia”, lê-se em nota de imprensa lançada pela energética portuguesa no passado dia 3.
A tecnologia Vehicle to Grid – em português, do veículo para a rede – assenta “numa lógica descentralizada de fluxos de energia bidireccionais”, lê-se no comunicado, permitindo que os veículos eléctricos “deixem de ser apenas consumidores de electricidade e que possam também fornecer energia à rede eléctrica”. O piloto actualmente em curso em São Miguel permite, por um lado, o carregamento da frota de automóveis da EDA e, por outro, permite que estes injectem energia eléctrica na rede da ilha.

Segundo a Galp, a implementação de soluções assentes em tecnologia V2G vai permitir aos utilizadores de veículos eléctricos alcançar poupanças nas facturas de energia eléctrica. A esta poupança poderá ainda acrescer uma “receita associada à prestação de serviços à rede eléctrica”, diz a energética, que acrescenta que esta é uma tecnologia que poderá vir a contribuir para “uma maior penetração” das renováveis, “através, por exemplo, da possibilidade de carregamento da bateria do veículo eléctrico durante o período nocturno”, uma acção que tira proveito dos excedentes registados neste período na energia produzida a partir do vento (eólica).
A expectativa da Galp é a de que a realização deste projecto piloto possa vir a contribuir para a “criação de um enquadramento legal que permita passar de uma fase piloto para uma fase de mercado num curto espaço de tempo”.