O CineEco, Festival Internacional de Cinema Ambiental, há 29 anos que se realiza em Seia, na Serra da Estrela. José Guilherme, projecionista desde a primeira edição, recorda os primeiros anos do festival, em edições com mais população local e mais sessões de cinema.
É José Guilherme, projecionista na Casa da Cultura de Seia desde a primeira edição, que nos ajuda a recordar os primeiros anos de CineEco. O festival de cinema ambiental começou em 1995, há 29 anos, um ano depois do Festival de Vídeo da Serra da Estrela. Nessa altura já se falava sobre sustentabilidade a partir do interior do país, numa das faldas da Serra da Estrela, uma verdadeira porta de entrada para a natureza. “Hoje é um tema que toda a gente fala, mas na altura a Câmara Municipal de Seia já falava na problemática do ambiente. Nunca me irei esquecer da primeira edição”, começa por lembrar José Guilherme.

José Guilherme é projecionista há 37 anos
O desafio foi lançado pelo “colega e amigo” Mário Jorge Branquinho, programador histórico do festival, que convenceu a autarquia a investir na temática ambiental através da sétima arte. Num território que na altura ainda não conhecia os desafios da desertificação, as salas enchiam-se desde as nove horas da manhã à meia noite. “Chegávamos a ter seis sessões por dia porque nos primeiros anos Seia tinha muito mais população, as escolas tinham muitos mais alunos. O festival foi-se atualizando, ficou mais leve em termos de sessões e melhorou bastante, atualizou-se”, considera o projecionista e coordenador técnico da Câmara Municipal de Seia.
A Casa da Cultura de Seia é a segunda – muitas vezes a primeira – casa de José Guilherme, que aos 18 anos começou a trabalhar como frente de sala. Enquanto projecionista assistiu à transição do analógico para o digital, técnica que lhe deixa muitas saudades. “A magia do cinema era o 35mm, foi aí que começou a película. Agora é tudo digital, a única coisa que melhorou foi a qualidade de imagem, mas antigamente havia mais ciência do que agora”, afirma.

José Guilherme aprendeu a profissão com o “mestre” Luís Hortêncio
Os filmes eram divididos em películas que eram coladas pelos projecionistas. Por andarem de cinema em cinema, de mão em mão, ia riscando e ganhando marcas de utilização. “Às vezes acontecia a imagem ficar ao contrário, a mim aconteceu-me uma ou duas vezes, mas isso era normalíssimo na altura. De tanto andar de cinema em cinema, a fita ficava mais frágil e por vezes partia. Era mais engraçado, na minha opinião, porque agora só falha se faltar luz”, brinca.
Com mais de 35 anos de experiência continua a ser José Guilherme a projetar os filmes na Casa da Cultura de Seia, antigo Cine-teatro da cidade.
O Festival CineEco decorre até esta sexta-feira, dia 18 de outubro, em Seia. No início do próximo ano irá viajar até aos Açores, onde será exibido, numa programação própria, nas nove ilhas do arquipélago.