Por: Ilda Santos, Sales Advisory IBM Sustainability Software da IBM Portugal
As crescentes pressões da regulação, dos consumidores e de executivos em sustentabilidade e ESG (Ambiente, Social, Governança) exigem cada vez mais que as empresas demonstrem um progresso significativo e atempado tendo em conta os compromissos públicos que foram assumidos. A criação de operações mais sustentáveis não é apenas positiva para a sociedade, mas também está a tornar-se rapidamente num imperativo comercial.
Há activos – como edifícios, redes eléctricas, veículos e equipamentos industriais – que são de grande importância face aos desafios de sustentabilidade que as empresas estão a viver actualmente. E, o desafio central para qualquer iniciativa de sustentabilidade são seguramente os dados. Sem dados, a sustentabilidade não é visível, não é accionável e não é operacional. Para enfrentar estes desafios, as empresas contam com a digitalização, a inteligência artificial (IA) e a chamada Internet das Coisas (IoT), ferramentas que são necessárias para garantir que os seus activos sejam mais resilientes, eficientes e sustentáveis.
As empresas com as quais trabalhamos estão a duplicar o seu foco para alcançar metas de sustentabilidade, aproveitando o poder dos dados para operacionalizar os esforços de sustentabilidade em funções críticas do negócio e tomar decisões mais inteligentes e sustentáveis todos os dias.
Para tal, estão a implementar quatro estratégias:
- Investir em infraestruturas inteligentes; As infraestruturas sustentáveis são a única forma de garantir que as pessoas, a natureza e o meio ambiente prosperem juntos, de acordo com o PNUMA¹. No entanto, uma pesquisa da McKinsey mostra que o mundo precisará investir 9,2 biliões de dólares por ano até 2050 para alcançar emissões líquidas zero². Por conseguinte, é essencial que as organizações invistam em infraestruturas sustentáveis que se possam adaptar às condições climáticas incertas que se avizinham, contribuindo simultaneamente para a descarbonização da economia, protegendo a biodiversidade e minimizando a contaminação. Para as empresas, cumprir estas ações pode significar construir fábricas, escritórios e ativos mais inteligentes, com maior eficiência energética, emissões reduzidas e ciclos de vida prolongados.
- Cuidar melhor dos activos existentes; As empresas devem considerar também o custo em carbono das demolições e reconstrução ou simplesmente substituir activos e estudar de que forma é que se pode utilizar a tecnologia para melhorar a sustentabilidade dos edifícios e ativos existentes. Ao mesmo tempo, têm de avaliar a quantidade de activos necessários nas suas operações. Cada um tem um ciclo de vida finito que inclui manutenção, renovação e/ou substituição, que nem sempre são as actividades mais ecológicas.
Nesse sentido, as soluções de gestão de activos que incorporam IA estão a ajudar os clientes com quem trabalhamos a capturar oportunidades para cortar drasticamente o consumo de energia, melhorando o processo de gestão de activos.
A redução dos impactos ambientais através da monitorização dos ativos, uso de sistemas preditivos que permitem antecipar intervenções ou substituição de ativos críticos, eliminar falhas de equipamentos, optimizar a manutenção, optimizar os processos e práticas, são o caminho para eliminar o desperdício.Assim, quando se trata de planear o investimento orientado para a sustentabilidade, a priorização (saber quais investimentos gerarão o maior impacto) é essencial.
- Consumo de energia mais inteligente; A gestão inteligente de ativos é uma das estratégias que as empresas estão a utilizar para reduzir o consumo de energia. O software pode agora prever quanta energia os ativos exigem, seja uma bomba de água, um sistema de iluminação ou edifício, através de uma variedade de fontes de dados e IA, em vez de especular qual seria o seu consumo, o que significa que as empresas podem aumentar e diminuir as suas necessidades de energia.
Com mais de 50 milhões de metros quadrados de espaço sob gestão, em cerca de 800 locais em 100 países, a IBM tem a responsabilidade social e ambiental de melhorar a sustentabilidade das suas instalações e operações. A IBM acredita que a gestão imobiliária responsável pode ser parte da solução para a biodiversidade e a crise climática do planeta, e não parte do problema.Diante do desafio único de uma geração, a divisão de IBM Global Real Estate, “IBM GRE” está determinada a mostrar liderança ao enfrentá-lo. A visão da IBM é baseada na ideia de que edifícios e cidades precisam deixar de ser parte do problema para serem parte da solução. Para agir de acordo com essa visão, a IBM GRE lidera uma transformação de longo alcance de quase todas as facetas das práticas de gestão de activos e imóveis da IBM, todas capacitadas por uma ampla base de tecnologia IBM. Ao usar a sua tecnologia para rastrear, analisar e relatar o seu progresso em direcção às metas de neutralidade de carbono de maneira oportuna, precisa e autêntica, a IBM usa os conhecimentos que gera para alinhar a sua tomada de decisão com o que é positivo para o mundo.Talvez mais importante, a IBM vê os frutos da sua própria transformação e aprendizagem como uma forma de ajudar a orientar os seus clientes actuais e futuros nas suas jornadas de sustentabilidade. Os clientes procuram soluções maturas e reais que possam encurtar o seu caminho para a sustentabilidade, enquanto ajudem a melhorar a eficiência e o desempenho das suas operações. Nesse sentido, a IBM – ao usar as suas próprias soluções – é “cliente zero” e está ansiosa para contar a sua história.
Não é em vão que o Fórum Económico Mundial estima que 1% da procura de energia pode representar até 9% dos custos totais das infraestruturas, enquanto 10% da procura representa cerca de 25% dos custos totais³. Nesse sentido, a IA e a IoT oferecem a possibilidade de achatar a curva, reduzindo picos de procura, o que significa uma menor necessidade de combustíveis fósseis e uma redução significativa nos custos de compra de energia.
- Mais activos conectados; Os activos e infraestruturas inteligentes estão a permitir que as organizações beneficiem plenamente da ligação a redes de energia inteligentes. A capacidade da IA de agregar todo o tipo de dados, representa a melhor oportunidade para acelerar a transição para energia limpa.
Copenhaga é um exemplo de liderança na transição verde, tendo reduzido as emissões de CO2 em 80% desde 2009. Tudo isto por mudar os seus sistemas de energia e aquecimento urbano para biomassa, energia eólica e energia solar; renovar os edifícios para os tornar eficientes do ponto de vista energético e melhorar os transportes públicos.
Em suma, é necessário assimilar que, aquando de uma transição energética, é preciso haver uma colaboração com um âmbito maior e exterior à empresa, através do investimento da indústria e do executivo. Será deste modo que se poderão alcançar todos os benefícios das infraestruturas e dos activos. As empresas estão cada vez mais a aumentar a sua resiliência e sustentabilidade conforme a adopção e gestão das suas infraestruturas e activos inteligentes, e só assim será possível tirar partido do verdadeiro potencial da tecnologia, no quadro da transição energética.
¹ New report reveals how infrastructure defines our climate
https://goldenpeacockaward.com/images/result/golden-peacock-awards-winners-list.pdf
Gold Accreditation as a 2022 Green Lease Leader
https://www.ibm.com/case-studies/ibm-gre
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