Nas últimas décadas, os polinizadores diminuíram em número e diversidade em toda a Europa, fortemente ameaçados pelo aumento da exposição aos parasitas, pela perda de abundância e diversidade floral, devido à alteração de práticas agrícolas e à alteração do uso do solo, pela utilização maciça de inseticidas como os neonicotinóides com elevada toxicidade, pela destruição de habitats de nidificação dos polinizadores selvagens, e pela expansão de espécies exóticas, como a vespa asiática, e também pelas alterações climáticas.

Sabendo-se que 75% das nossas culturas alimentares e quase 90% das plantas de floração selvagem dependem, até certo ponto, da polinização e que uma grande diversidade de polinizadores selvagens é fundamental para este processo, mesmo quando as abelhas estão presentes em números elevados (1), o contínuo declínio de abelhas e outros polinizadores poderá ter graves consequências para os agricultores e o sector agrícola europeu. A situação torna-se ainda mais preocupante quando olhamos para o valor económico do serviço de polinização pelos insetos na União Europeia (UE), estimado em 15 mil milhões de euros por ano (2).

Neste contexto, é cada vez mais urgente a implementação de ações destinadas a travar o declínio dos polinizadores selvagens, cumprindo os desígnios da Estratégia da UE em matéria de biodiversidade até 2020, com a proteção, valorização e recuperação da biodiversidade e os serviços de ecossistemas por ela prestados, pelo valor intrínseco e pela sua contribuição essencial para o bem-estar humano e a prosperidade económica, de modo a serem evitadas alterações catastróficas decorrentes da perda de biodiversidade.

 

“Nesse sentido, as cidades e vilas podem ter um papel importante ao conceber e implementar estratégias de promoção da biodiversidade, adotando boas práticas ambientais que propiciem o surgimento de pequenos oásis, especialmente para os polinizadores”.

A promoção de iniciativas de cidadãos – como a criação de charcos, a plantação de sebes com espécies autóctones que favoreçam as aves e os polinizadores, a instalação de ‘hotéis’ para polinizadores, ou a criação de espirais de ervas aromáticas – são pequenos gestos ao alcance de todos.

Nos espaços verdes públicos, é importante a promover a diversidade de flora autóctone, árvores, arbustos e herbáceas que floresçam em diferentes épocas do ano, garantindo que existem sempre plantas em flor para alimentar os polinizadores.

Igualmente, importante é não matar os polinizadores depois de os atrair. A aplicação de inseticidas pode ter impactos dramáticos, muitas vezes imprevisíveis, sobre os polinizadores, especialmente os neonicotinóides, cuja elevado toxicidade dizima colónias inteiras de abelhas. Para além disso é fundamental adotar práticas que permitam manter o solo vivo, como abandono do uso de pesticidas e dos fertilizantes artificiais e a reciclagem dos resíduos da gestão dos espaços verdes.

 

Notas bibliográficas:

1Relatório da IPBES – Intergovernmental Science-Policy Platform on Biodiversity and Ecosystem Services

2Gallai et al, 2009.

*A publicação deste artigo faz parte de uma colaboração entre a revista Smart Cities e a Associação ZERO – ASSOCIAÇÃO SISTEMA TERRESTRE SUSTENTÁVEL.