Tecnologia, “luzinhas”, computadores ou redes de fibra óptica de alta velocidade “não definem o que são smart cities”. Uma cidade inteligente é aquela que “resolve problemas à população”, ponto final parágrafo. Esta é, pelo menos, a convicção que tem guiado Cascais no seu percurso para tornar a vila mais eficiente e inteligente, reconhecendo, no entanto, que estas ferramentas são bem-vindas caso cumpram a missão de facilitar a vida ao cidadão.

“Um ser humano é mais inteligente do que outro quando consegue resolver problemas complicados melhor do que o outro. E as cidades mais inteligentes são aquelas que conseguiram resolver de forma mais eficaz problemas da população”, explica, à Smart Cities, o vice-presidente da câmara municipal de Cascais (CMC), Miguel Pinto Luz. Até porque, à medida que as cidades se vão desenvolvendo, é preciso responder a novas necessidades. “No início eram as redes de saneamento, depois a escolar, a desportiva, depois, a cultura. As cidades evoluíram e a cidade tem de aumentar os seus níveis de exigência, sendo que tem de ser cada vez mais inteligente para resolver problemas novos e desafios na vida das pessoas”, justifica.

Com isso em mente, Cascais procurou uma total desmaterialização da sua infra-estrutura, pelo que, hoje, assegura Miguel Pinto Luz, não tem nenhum servidor nem na sede da câmara, nem em nenhum outro dos seus edifícios. “Temos 99% da nova infra-estrutura em cloud, tanto fora como dentro do país”, indica, destapando o véu sobre um novo “grande portal de serviços, único a nível mundial”, que está a ser desenvolvido em conjunto com o CEIIA [Centro de Excelência para a Inovação da Indústria Automóvel] para “concatenar toda a informação de dados, tornando-os abertos a toda a população”.

Esta é uma forma de abordar, por exemplo, os desafios inerentes à mobilidade, trazidos, sobretudo, pela afluência de turistas a Cascais e de pessoas que procuram mudar-se para a vila. “Estamos a colocar na primeira linha de actuação formas inteligentes de resolver o estacionamento, a mobilidade, a mobilidade suave”, adianta Miguel Pinto Luz.

Apesar de já ter toda a infra-estrutura de resíduos urbanos digitalizada, carros e contentores com sensores, outro dos grandes desafios é que a câmara e os cidadãos consigam ter acesso aos dados daqui gerados, inspirando-se nestes dados abertos para desenvolver novas soluções para a cidade. A ideia, a qual já está a ser trabalhada, é criar um portal open data que inclua a informação da polícia municipal, marinha, ambiente, espaço público ou turismo e que esteja ao alcance da câmara e dos privados.

“Estamos a desenvolver muito a fileira das smart cities, nos seus diferentes verticais, seja no ambiente, seja no espaço público, nas reuniões de câmara ou atendimento municipal, abastecimento de água, várias opções e soluções que estamos a implementar – na mobilidade, nas bicicletas”, destaca o vice-presidente de Cascais. “Tudo isto é uma pedra fundamental, não há smart cities só com isto ou só com aquilo. É esta visão holística da cidade e entendemos as smart cities não como tecnologia”, conclui.

 

Cascais é um dos municípios que vai estar presente na conferência internacional ZOOM Smart Cities, evento co-organizado pela revista Smart Cities, a Conteúdo Chave, a BAC e a Nova IMS, com data marcada para os dias 18 e 19 de Maio.