Qual é a cidade mais limpa ou a mais segura? Em que cidade é fácil encontrar um emprego ou uma casa? Qual é a cidade que tem os melhores transportes públicos ou qualidade do ar? Respostas a estas perguntas e muitas mais podem ser encontradas no mais recente Relatório sobre a Qualidade de Vida nas Cidades Europeias 2020. Braga e Lisboa integram este survey, com avaliações positivas, mas também negativas.
O Relatório apresenta os resultados do 5º inquérito sobre a qualidade de vida nas cidades europeias. Abrange 83 cidades da União Europeia (UE), países da EFTA, Reino Unido, Balcãs Ocidentais e Turquia.
Entre as cidades incluídas no inquérito, Copenhaga (Dinamarca) e Estocolmo (Suécia) estão classificadas em primeiro lugar com cerca de 98 % dos residentes satisfeitos com a vida na sua cidade. Zurique (Suíça), Gdansk (Polónia), Braga (Portugal) e Oslo (Noruega) estão perto, com cerca de 97 % dos residentes satisfeitos com a vida nas suas cidades.
Sobre o cenário de pandemia que atravessamos, o Relatório destaca que a infecções de Covid-19 chegaram primeiro às cidades maiores e mais conectadas da Europa, como Milão, Madrid e Londres, antes de se espalharem para centros mais pequenos e regiões mais rurais. Agora, com o levantamento das restrições, as cidades estão a explorar novas formas de fornecer o acesso às suas ofertas, mantendo uma distância social segura. Cidades como Paris e Bruxelas deram mais espaço aos peões e ciclistas, facilitando assim a mobilidade activa e o distanciamento social, enquanto as esplanadas de bares e restaurantes em muitas cidades foram expandidos para permitir mais espaço entre as mesas.
Segundo as conclusões do survey agora lançado, os dados nele reflectidos são importantes para os decisores políticos a nível europeu, nacional e das cidades. Podem ainda ajudar a identificar prioridades para a Política de Coesão da União Europeia.
O novo estudo sobre a qualidade de vida nas cidades europeias proporciona uma visão única da vida da cidade e reúne as experiências e opiniões dos habitantes das cidades em toda a Europa. Mostra que as pessoas que vivem nas cidades do Norte da UE são as mais satisfeitas com a sua cidade, mas o crescimento do nível de satisfação nas cidades da UE Oriental é cada vez mais rápido.
Nove em cada dez pessoas nas cidades europeias incluídas no inquérito de 2019 está satisfeita por viver na sua cidade. Mais pessoas estão satisfeitas em cidades da UE, EFTA e Reino Unido, enquanto menos estão satisfeitas nas cidades dos Balcãs Ocidentais e da Turquia.
Entre as cidades da UE, o nível de satisfação é maior nas localizadas do Norte e Oeste da UE (94% e 92 %, respectivamente). Em média, as cidades do Sul dos Estados-Membros da UE têm uma pontuação inferior (83 %) devido, em particular, às baixas pontuações na Grécia e nas cidades do Sul da Itália. No total, as cidades que não são capitais atingem uma pontuação superior (em 91 %) à das capitais das cidades (com 87 %). Embora as capitais possam oferecer mais oportunidades de emprego e diversas comodidades, também são vistas como fornecedoras de uma qualidade mais baixa de serviços públicos e oportunidades de habitação menos acessíveis.
Sobre o papel inclusivo das cidades para os imigrantes viverem, o survey destaca duas cidades portuguesas como Braga (95%) e Lisboa (91%), que estão inseridas no Top 10, entre aquelas que detêm a pontuação mais alta, como Cardiff (Reino Unido) com 98%, Glasgow (Reino Unido) com 94%, Oviedo (Espanha) com 94%, Groningen (Países Baixos) com 94%, Málaga (Espanha) com 92%, Hamburgo (Alemanha) com 91%, Manchester (Reino Unido) com 91%, e Tyneside (Reino Unido) com 90%.
Igualmente inserida no Top 10 das cidades ideais para as pessoas idosas viverem, Braga situa-se com a elevada pontuação de 94%, entre outras cidades europeias. Mas, sobre o critério “Pessoas satisfeitas com a situação financeira do agregado familiar”, Lisboa e Braga encontram-se no nível mais baixo da pontuação, atribuída no Bottom 10 da escala de avaliação: 51% e 59%, respectivamente.
Segundo o inquérito, cidades com maior uso de carros tendem a ser relativamente pequenas. E, pela negativa, encontramos aqui a cidade de Braga com uma pontuação de 61%, entre outras. Um facto que se apoia em outro indicador do estudo, relativo às pessoas que utilizam os transportes públicos num dia normal, onde Braga obtém uma das pontuações mais baixas do estudo: 29%.
Em relação às 10 cidades com pontuação mais inferior no que diz respeito ao ciclismo, é possível encontrar a cidade de Lisboa com 9% atribuídos, uma tendência maioritariamente contrariada por cidades no Norte da Europa, que se situam no Top 10 desta escala, com Groningen (Países Baixos) com 42%, Amesterdão (Países Baixos) igualmente com 42% e Copenhaga (Dinamarca) com 37%, entre outras cidades maioritariamente do Norte da Europa.
De forma geral, a administração pública local tem-se portado bem, segundo conclui o inquérito. Em média, três em cada cinco moradores da cidade ficaram satisfeitos com o tempo necessário para resolver um pedido, encontraram facilmente informações on-line sobre os serviços locais, e não perceberam qualquer corrupção na administração pública local. Apesar das boas pontuações em geral, várias cidades ainda precisam de melhorar a sua administração. Em 20 cidades, a maioria não estava satisfeita com a rapidez da administração, enquanto, em 38 cidades, a maioria pensava que havia corrupção na administração pública local.
Segundo as conclusões do 5º inquérito sobre a qualidade de vida nas cidades europeias, políticas nacionais por si só não podem resolver todas estas questões. As cidades também precisam de desenhar as suas próprias políticas adaptadas à sua situação para responder a estes problemas.
As cidades são um importante motor de crescimento económico na UE. É nas cidades onde a maioria dos cidadãos vive, onde a maior parcela do Produto Interno Bruto é gerada, onde uma grande parte das políticas e legislação da UE são implementadas e onde uma parte significativa dos fundos europeus é gasta.
Ao abrigar cerca de 39% da população da UE, as cidades proporcionam o acesso a muitas oportunidades de emprego diferentes, melhor acesso aos transportes públicos e proximidade a muitos destinos que podem facilitar o andar a pé ou de bicicleta.
Embora ofereçam bons acessos à educação, inovação e cultura, graças a uma concentração de universidades, institutos de investigação, museus e outros espaços culturais, as cidades da UE também enfrentam problemas sociais e ambientais, incluindo a pobreza, elevados custos de habitação, discriminação, criminalidade, poluição atmosférica e ruído.
Não menos importante, as cidades também precisam de responder a desafios globais como as alterações climáticas. Perante as politicas encetadas para promover a transição energética a nível europeu, as cidades têm um papel importante a desempenhar na mudança para uma economia neutra em carbono. Para além disso permanecem outras preocupações como as relacionadas com o envelhecimento da população no seio da UE.
Este 5º inquérito foi realizado pela IPSOS (empresa multinacional de estudos de mercado, sedeada em França) entre 12 de Junho e 27 de Setembro de 2019, com uma pausa entre 15 de Julho e 1 de Setembro. Um total de 700 entrevistas foram realizadas em cada cidade pesquisada. Isso significa que as entrevistas foram colectadas a partir de 58 100 residentes no total, todos cidadãos residentes em uma das (maiores) cidades pesquisadas. A pesquisa de percepção de 2019 empregou uma abordagem de amostragem de quadro duplo, usando números de linha fixa e móvel. A avaliação e relatório técnico podem ser descarregados aqui.