Computadores de bordo acompanham os circuitos das viaturas, enquanto as recolhas são registadas automaticamente, através de etiquetas com tecnologia RFID (radiofrequência) colocadas nos contentores. Todas as anomalias ou necessidades extra – tais como contentores danificados ou sujos, objectos fora de uso ou resíduos verdes abandonados na via pública – são identificadas e a informação sobre o nível de enchimento dos contentores, captada por sensores, é disponibilizada on-line. Assim se faz a gestão inteligente de resíduos em Cascais, de uma forma “inédita” a nível nacional, com base numa plataforma única.
Integrando duas tecnologias inovadoras, conectadas à operação de recolha de resíduos no terreno, o sistema de “Gestão de Resíduos e de Sensores de Enchimento das Ilhas Ecológicas” utilizado pela empresa municipal Cascais Ambiente engloba o software Mawis da Moba, para a gestão de resíduos, e sensores de leitura do nível de enchimento dos ecopontos e comunicação à distância da Smartbin. “Pode dizer-se que as operações de recolha e limpeza urbana passaram de muito eficazes para simplesmente eficientes”, sumariza, à Smart Cities, a câmara municipal de Cascais.
O resultado? Uma diminuição de cerca de 13% nos gastos directos da Cascais Ambiente com a prestação dos serviços de recolha, entre 2011 e 2014, muito em parte devido à redução, “de forma significativa”, do número de circuitos realizados e consequentes cortes no consumo de combustível e manutenção de viaturas. Além disso, foram evitadas 264 toneladas de emissões de CO2, em 2014, registando-se “uma maior quantidade de resíduos” recolhida.
Com esta informação “bastante detalhada” em mãos, além de reduzir custos, ao longo dos últimos anos, “sem colocar em causa o normal funcionamento dos serviços”, a Cascais Ambiente “melhorou a satisfação por parte dos munícipes”, assegura a câmara municipal. Até porque, descreve a autarquia cascalense, “o acesso a dados reais e actualizados e a criação de histórico permitiram suportar os processos de decisão e moldar as operações de recolha de acordo com uma realidade em constante mutação”.
Após a instalação de várias unidades, em 2013, como forma de testar e validar o modelo e a tecnologia, hoje, o sistema está em pleno funcionamento, sendo que todos os contentores subterrâneos, por exemplo, usam a tecnologia de leitura dos níveis de enchimento, ao passo que a mesma informação sobre os ecopontos é obtida por análise visual, posteriormente incorporada na plataforma.
Esta plataforma de gestão de resíduos da Cascais Ambiente é, de resto, já considerada uma referência, tendo sido reconhecida com o prémio “A Smart Project for Smart Cities”, cujo objectivo é reconhecer o mérito de projectos que visam o desenvolvimento de cidades inovadoras, sustentáveis, inclusivas e conectadas, atribuído pela INTELI – Inteligência em Inovação, Centro de Inovação, no âmbito da edição do ano passado da Green Business Week – Semana para o Crescimento Verde.
“O conhecimento adquirido pelo savoir faire deixou de ser suficiente, uma vez que o meio empresarial no qual as empresas operam apresenta características diferentes, tanto em termos logísticos (inúmeros fluxos de resíduos para recolher), como financeiros (restrições orçamentais)”, reconhece a câmara municipal de Cascais, concluindo, por isso, que “a ligação entre sistemas de informação, munícipes participativos e profissionais dedicados, motivados e competentes na Cascais Ambiente permitiu alcançar um nível de excelência na qualidade de serviço prestado, garantindo margem para constante inovação, o que se traduz numa vantagem competitiva ímpar no sector da Higiene Urbana”.
Cascais será um dos municípios que marcará presença na conferência ZOOM Smart Cities, a realizar nos próximos dias 18 e 19 de Maio.