Do compromisso assumido ao trabalho em cluster: a partir desta semana, cidades, empresas e universidades juntam-se em grupos temáticos por toda a União Europeia, com o objectivo de promover projectos “smart cities”. A iniciativa é feita no âmbito da Parceria Europeia para a Inovação (EIP, na sigla em inglês) em Cidades e Comunidades Inteligentes e, apesar de baseada apenas no voluntarismo das entidades parceiras, quer criar um ambiente frenético de incentivo à inovação urbana.
Os clusters foram apresentados ontem e vão trabalhar seis áreas específicas dentro do tema “smart cities”: transportes urbanos sustentáveis, distritos sustentáveis e ambiente construído, políticas públicas e regulação/planeamento integrado, infra-estruturas e processos integrados, cidadãos e, também, modelos de negócio.
A EIP é uma iniciativa promovida pela própria Comissão Europeia, (CE) através das direcções-gerais da Inovação, Mobilidade e Energia. Este agrupar de parceiros por áreas temáticas foi o passo “natural”, depois de um convite inicial à apresentação de compromissos voluntários “smart cities”. Os compromissos foram recebidos entre Fevereiro e Junho deste ano e, segundo o director de Investigação e Sistemas Inovadores de Transportes na CE, Keir Fitch, ficaram acima das expectativas da instituição europeia. “Ficámos surpreendidos pelo nível de compromisso dos stakeholders por toda a Europa. Foi um período de candidaturas extremamente bem-sucedido”, frisou, quarta-feira, o responsável, durante um workshop dedicado à EIP, em Bruxelas, nos Open Days 2014 – a Semana Europeia das Regiões e Cidades.
Segundo dados da Comissão Europeia, foram 370 os compromissos elegíveis recebidos, que juntam mais de 3000 parceiros vindos de 32 países. As autoridades públicas assumem a liderança das iniciativas apresentadas: 36% de todos os compromissos são liderados pelo sector público (as empresas coordenam 24% das propostas recebidas).
Uma rede de voluntários
Quais os benefícios de participar na EIP? A própria Comissão Europeia faz questão de ressalvar que não há financiamentos previstos para estes clusters e que, por isso, todo o trabalho feito pelos parceiros é totalmente voluntário. “Ganha-se visibilidade, possibilidade de partilhar ideias”, antecipou, no entanto, Keir Fitch, acrescentando que, através do trabalho em rede, é também possível chegar a novos clientes e prestadores de serviços.
Os clusters vão trabalhar em projectos concretos, para que estes possam ganhar escala e tornarem-se exemplos interessantes na área da inovação urbana. A escolha das áreas temáticas foi feita em consequência dos próprios compromissos e projectos apresentados pelas várias entidades. Segundo o responsável da Comissão Europeia, os tópicos que geraram mais compromissos estão ligados à electro-mobilidade, novos serviços de mobilidade, reabilitação inteligente e poupança de energia, plataformas de software para a gestão urbana e apps de participação cidadã.
Embora erguida com base no voluntarismo das entidades, espera-se que os clusters formados reúnam duas vezes por ano, usando ferramentas de colaboração on-line no dia-a-dia.
“Há várias cidades na União Europeia com os mesmos problemas que, se se juntarem, ganham escala para resolvê-los”, contextualizou, por seu lado, a directora da área de Smart Cities e Sustentabilidade da CE, Colette Maloney, na mesma sessão. A especialista lembrou que, para a EIP, uma das grandes prioridades é a eficiência energética, tanto ao nível dos edifícios, como dos transportes.
Além desta componente voluntária de clusters que tomou forma esta semana, a EIP irá financiar alguns projectos de smart cities ao abrigo do Horizonte 2020, o programa de apoio à Investigação e Desenvolvimento Tecnológico da União Europeia. O objectivo, nesta dimensão, é criar “duas ou três” cidades pioneiras, que sejam palco de grandes projectos de demonstração.