Seis projectos portugueses estão entre os finalistas dos Prémios Novo Bauhaus Europeu 2023, um galardão promovido pela Comissão Europeia que distingue os melhores exemplos e soluções de sustentabilidade, estética e inclusão, valorizando a participação das comunidades locais. Nesta terceira edição, o nosso país volta a ser um dos mais representados na lista de finalistas, ao ter seis seleccionados, tal como a França, e apenas menos um que a Itália.
Entre mais de 1450 candidaturas, foram escolhidos 61 projectos de mais de três dezenas de países (alguns com iniciativas conjuntas) para um total de 15 prémios. Estes estão distribuídos por três vertentes, cada uma com quatro categorias, oferecendo prémios monetários de 30 mil euros e 15 mil euros (consoante a vertente). Doze galardões serão eleitos por um júri, mas noutros três a escolha é feita através de uma votação pública, a decorrer até 24 de Maio.
Na primeira vertente, “Campeões do Novo Bauhaus Europeu”, foi escolhido um finalista nacional – o projecto “Reabilitar Troço a Troço” -, pertencente à categoria “Restabelecer uma relação com a Natureza”: Trata-se de uma iniciativa de capacitação para a inovação na gestão sustentável da água, promovida pela Equipa Multidisciplinar de Acção para a Sustentabilidade (EMAS), do município de Santarém. Tem como objectivo sensibilizar e envolver os proprietários de terrenos confinantes com linhas de água, de forma a restabelecer a conectividade dos cursos de água, troço a troço, aumentando a resiliência dos habitats ribeirinhos e evitando a perda de biodiversidade.
Na segunda vertente dos prémios – “Estrelas Ascendentes do Novo Bauhaus Europeu” -, não há nenhum finalista português, mas já a terceira vertente – “Campeões da Educação do Novo Bauhaus Europeu” – conta com cinco. É o caso do “Programa Atlantis”, que integra a categoria “Restabelecer uma relação com a Natureza”. Dinamizado pela Ocean and Flow, de Sesimbra, promove a literacia do oceano nos jovens, através de experiências aquáticas educativas e ferramentas de desenvolvimento humano, como a criação de uma rede de cidadãos activos e guardiões do oceano.
Na categoria “Reconquistar um Sentimento de Pertença”, são dois os representantes lusos. Um deles é o projecto “Casas e Lugares do Sentir – Craft Lab”, do município do Fundão. De acordo com a autarquia, tem como objectivo “fomentar a utilização de tecnologias de fabricação digital e dos processos do design como ferramentas de apoio e valorização da produção artesanal”. A este propósito junta-se também a ideia de acrescentar inovação aos antigos ofícios locais, adaptando-os aos novos tempos.
Destaque também para o “Science in Migrant Communities/Native Scientists”, um projecto transfronteiriço entre Portugal e a Bélgica, que procura estimular para as temáticas da ciência as comunidades migrantes. Como tal, junta estudantes e cientistas, dinamizando oficinas baseadas na cultura e nos laços comunitários dos participantes, de forma a promover a alfabetização científica e linguística, bem como o sentimento de pertença entre os migrantes.
Um outro projecto transfronteiriço, desta vez entre Portugal e a Alemanha, está entre os finalistas da categoria “Necessidade de um ecossistema industrial baseado no ciclo de vida e no longo prazo”. Chama-se “Worldfield Weltacker Rothenklempenow” e é uma iniciativa de educação ambiental que utiliza uma quinta no norte da Alemanha para mostrar como a alimentação, a agricultura e o uso do solo afecta os campos em todo o mundo. Nesse local fica também a “Worldfield House”, uma curiosa construção multifuncional feita de bolas de palha, madeira e barro.
Por fim, na categoria “Priorizar os lugares e as pessoas que mais precisam”, surge o livro infantil “A house is a mountain is a hat”, lançado pela Trienal de Arquitectura de Lisboa. É uma obra acessível, com letras grandes e texto em Braille (para ser lido também por crianças cegas ou com baixa visão) que fala sobre “a casa”, nas suas diversas dimensões, como “a casa que protege”, “os diferentes tipos de casas”, as casas do mundo” ou “a casa imaginada”.
O anúncio dos vencedores dos Prémios Novo Bauhaus Europeu 2023 está marcada para o dia 22 de Junho. Recorde-se que na primeira edição (2021) houve um vencedor português – a plataforma de sustentabilidade AYR, do CEiiA -, e o mesmo aconteceu em 2022, com o projecto REPLAY, liderado pela Zero Waste Lab e pela Precious Plastic Portugal, que implementou em vários municípios uma rede de recolha e triagem de brinquedos em fim de vida.
Fotografia de destaque: Programa Solaris