Entre as principais linhas estratégicas encontra-se o objectivo de aumentar em 36,4% a utilização do transporte público e em 24,9% a quota modal de transporte suave, simultaneamente com uma redução do uso do transporte individual em 43%. Números a 10 anos, tal como a meta de 20% para a redução de gases com efeito de estufa (GEE) no concelho.
Durante a apresentação, realizada esta segunda-feira, a Câmara Municipal de Oeiras anunciou o reforço da aposta no transporte público, com “projectos inovadores, capazes de trazer mais eficiência ao sistema de transportes local”. Um dos destaques é o SATUO (Sistema Automático de Transporte Urbano), que a autarquia quer reactivar, mas num modo de transporte sobre pneus. Para já, será lançado um estudo de viabilidade que, além de analisar a extensão ao Lagoas Park e ao Taguspark, irá também “aferir a melhor opção de ligação à linha de Sintra, assim como todas as opções de traçado que servem os pólos empresarias e habitacionais de relevância de ambos os concelhos”, afirmou a Vereadora da Mobilidade e Transportes, Joana Baptista.
Durante a apresentação dos planos, a responsável por este pelouro reivindicou também a introdução de uma faixa BUS na A5: “Não se percebe e não se continua a perceber porque razão, passados 40 anos, ainda não foi introduzido um corredor BUS na A5. Aproxima-se o fim da actual concessão, em 2035, e acredito que, sem grande investimento, estaremos em condições de avançar com a afectação de uma das actuais faixas para a circulação do transporte público, devendo Oeiras liderar esta demanda”.
Outros projectos estruturantes são o BRT (Bus Rapid Transit), um sistema de autocarros eléctricos em via própria entre Queijas e Carnaxide, bem como o LIOS (Linha Intermodal Sustentável), que ligará os concelhos de Oeiras, Lisboa e Amadora, contemplando também uma ligação ao interface com a Linha de Sintra, na estação da Damaia (Amadora). Em ambos os casos, os estudos de traçado já estão em desenvolvimento.
O reforço da oferta de transporte público no concelho contempla também a criação de carreiras de bairro e o aumento de autocarros durante a noite e ao fim-de-semana.
Estacionamento, mobilidade suave e pedonabilidade
A nível de estacionamento, a Câmara de Oeiras quer criar 18 novos parques, com 3756 lugares no total, como por exemplo nos silos da Praça Manuel Barbosa do Bocage, no terminal rodoviário de Algés ou no interface Cruz Quebrada/Dafundo. Mas, garante a vereadora da Mobilidade e Transportes, “não pretendemos a criação de parques de estacionamento dissuasores junto aos terminais, uma vez que esta discussão apenas faz sentido no âmbito da globalidade da Área Metropolitana de Lisboa”.
Também a rede de vias cicláveis deverá aumentar significativamente, passando dos actuais 17 quilómetros para quase 50, uma vez que já estão em projecto mais 30 quilómetros. Por exemplo, além da conclusão do passeio ribeirinho, está prevista a expansão das ciclovias empresariais até ao Taguspark e Caxias e as ligações Algés-Avenida dos Bombeiros Voluntários (Miraflores), Miraflores-Lisboa (pela Estrada dos Moinhos) e Jamor-Linda-a-Velha. Paralelamente, será implementado um sistema de bicicletas partilhas, previsto para o segundo semestre de 2023.
De modo a tornar o concelho mais amigo do peão, a autarquia antecipou também várias medidas para os próximos anos. Entre elas estão o prolongamento e requalificação de vias pedonáveis, a pedonalização (faseada) de alguns locais, como a rua Costa Pinto ou parte do centro histórico de Paço de Arcos, mas também a implementação de zonas 30 ou zonas de co-existência. Iniciativas que deverão ajudar a atingir outra meta dos planos: a redução, em 30%, do número de atropelamentos e de vítimas em acidentes rodoviários.
Foram também anunciados mais 300 postos de carregamento para veículos elétricos, distribuídos por todo o concelho, que se juntarão aos 60 já existentes. O objetivo é atingir um número de postos equivalentes à média das cidades europeias.
A estratégia e metas agora traçadas pelo Plano de Mobilidade Urbana Sustentável e pelo Plano de Acessibilidades teve como base um inquérito à população que traçou os padrões de mobilidade das pessoas que vivem, trabalham ou estudam em Oeiras, além de ter elaborado um modelo de transportes no concelho. De acordo com este trabalho, todos os dias são realizadas 297.500 viagens no concelho, sendo a maioria internas (exclusivamente no concelho). O meio de transporte preferencial continua a ser o transporte privado – 45,5% -, mas este já não é maioritário, uma vez que 31,2% optam pelos transportes públicos (rodoviário e ferroviário) e 20,8% deslocam-se a pé.
Fotografias © Município de Oeiras