O município de Mangualde é o único do país a integrar o projeto Residents of the future (Residentes do futuro), destinado a atrair e fixar população nas cidades de pequena e média dimensão. O concelho do distrito de Viseu integra esta iniciativa do programa europeu de cooperação URBACT IV, juntando-se a outras nove cidades na luta contra o despovoamento urbano. São elas Sibenik, na Croácia, a líder do projeto, Alba Lulia (Roménia), Saldus (Letónia), Plasencia (Espanha), Kalamata (Grécia), Lisalmi (Finlândia), Saint-Quentin (França), Mantova (Itália) e Trebinje (Bósnia e Herzegovina).

Trabalhando em rede, os vários municípios partiram de um problema comum, a perda populacional, e vão agora explorar diferentes abordagens e soluções com o objetivo de aumentarem a sua atratividade, tanto para a atual população, como para potenciais novos residentes e interessados em investir.

Até ao final do projeto, cada cidade terá de desenhar um plano de ação, mas durante este período também irá desenvolver várias iniciativas piloto que ajudem a avaliar o desempenho das principais ações a concretizar. Embora estas ainda não estejam definidas, o diretor técnico do grupo de trabalho português, José António Lopes, diz que já é possível identificar algumas linhas mestras: “uma delas é, sem dúvida, a transformação digital, porque a possibilidade do trabalho à distância permite modos de residência ambientalmente mais sustentáveis e com menos pegada carbónica, além da qualidade de vida que os territórios do interior podem oferecer”. A esta, o consultor e arquiteto junta também a diversificação económica, “de modo a evitar a dependência de grandes unidades industriais que, quando fecham, geram um terramoto e, ao mesmo tempo, para favorecer a instalação de pequenas startups, coworks e microempresas dinâmicas”

Por ocasião da escolha de Mangualde para o projeto, também o vice-presidente da autarquia, João Pedro Cruz, tinha adiantado outras ideias, nomeadamente ao nível do branding territorial, no combate à falta de habitação e na “digitalização dos serviços públicos e privados da cidade, através do acesso a ferramentas digitais de fácil utilização”. Outra possível proposta passa por “aprimorar o trabalho de regulamentação municipal, impostos municipais e incentivos sobre setores-chave da economia local, criando assim um ecossistema fértil para investimentos, geração de empregos e atração de moradores”, disse o governante.

Certo é que o envolvimento da população é uma condição fundamental ao plano de ação local, tal como preconiza a metodologia do programa URBACT: “O que a Comissão Europeia quer é processos bottom-up (da base para o topo), ou seja, é criada uma comissão de cidadãos de diversos setores, onde obviamente também está representada a câmara municipal, e é este grupo que gera e cocria o plano, estabelece as ações a desenvolver e define o seu calendário”, explica João Pedro Cruz.

Com um financiamento de mais de 827 mil euros, o projeto Residents of the future arrancou oficialmente em junho de 2023 e tem uma duração de dois anos e meio, ficando concluído em dezembro de 2025. Até ao momento, já aconteceram duas reuniões transnacionais, uma online e outra em Sibenik, cidade-líder do projeto que visitou Mangualde no passado mês de setembro. A cidade portuguesa também irá acolher um encontro com todos os municípios da rede, possivelmente em meados do próximo ano.

Fotografia de destaque: © Município de Mangualde