As áreas verdes urbanas, como os parques ou as árvores, podem atenuar os efeitos adversos para a saúde associados às temperaturas elevadas, diz um estudo publicado na revista BMJ Open. O trabalho fez uma revisão de outros 12 estudos realizados em sete regiões do mundo, incluindo Portugal, o único país europeu analisado. Ao nosso país juntam-se a Austrália, o Japão, a China (Hong Kong), a Coreia do Sul, o Vietname e os Estados Unidos da América.

Depois de reunirem a informação deste conjunto de países, os investigadores concluíram que as zonas com mais espaços verdes apresentam taxas mais baixas de morbilidade e mortalidade relacionadas com o calor, em comparação com as zonas com menos espaços verdes. Nas camadas mais vulneráveis da população, como crianças, idosos ou pessoas doentes, esta perceção tornou-se ainda mais evidente.

“Os espaços verdes urbanos desempenham um papel vital na atenuação dos riscos para a saúde relacionados com o calor, oferecendo uma estratégia potencial para o planeamento urbano abordar as alterações climáticas e melhorar a saúde pública”, escreve o estudo liderado por Ahsana Nazish, investigadora da London School of Hygiene & Tropical Medicine, que liderou o trabalho. Para a cientista, os efeitos benéficos da vegetação nas cidades podem tornar-se especialmente benéficos nas cidades durante as ondas de calor.

Outra conclusão relevante está relacionada com o facto dos espaços verdes urbanos também poderem ter um impacto positivo na saúde mental e no bem-estar dos habitantes, “ajudando potencialmente a compensar as repercussões adversas das altas temperaturas sobre a saúde”.

Perante estes resultados, os autores do estudo apresentaram várias sugestões aos decisores e planeadores urbanos, a começar pelo envolvimento das populações na criação de áreas verdes e intervenções em espaços públicos urbanos. “Essas intervenções devem ser consideradas como investimentos a longo prazo e integradas em estratégias nacionais de desenvolvimento, por exemplo, regulamentos sobre habitação, planos diretores urbanos, políticas de transportes, etc.”, referem. Isto porque, na opinião dos investigadores, “isso exige um entendimento geral de que o verde urbano vai além dos objetivos ecológicos ou ambientais e proporciona benefícios para a saúde que aumentam o bem-estar dos residentes urbanos e melhoram a qualidade de vida”.

Como tal, defendem que, cada vez mais, as cidades devem ter em consideração as condições de acessibilidade aos espaços verdes, propondo “uma abordagem multidimensional que considere não só a proximidade física, mas também a qualidade e a facilidade de utilização desses espaços”.

O estudo “Health impact of urban green spaces: a systematic review of heat- related morbidity and mortality”, efetuou uma revisão de trabalhos publicados entre 2000 e 2022. Estes abrangeram estudos epidemiológicos, de modelação e simulação, bem como análises experimentais e quantitativas.

Fotografia de destaque: © Shutterstock