A longa-metragem “Fauna”, realizada pelo espanhol Paus Faus, é a grande vencedora do “Grande Prémio Ambiente” do festival CineEco 2024, que decorreu na cidade de Seia entre os dias 10 e 18 de outubro. O documentário revela a realidade de dois mundos opostos, numa floresta dos arredores de Barcelona, onde um velho pastor e o seu rebanho vivem ao lado de um laboratório de alta tecnologia para experiências com animais.

Depois de premiada nos festivais de Toulouse e Guadalajara 2023, a obra é agora consagrada na 30.ª edição do Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela, onde foram exibidos 64 filmes de 27 países, selecionados entre cerca de 1800 películas em competição. O evento, que trouxe à cidade beirã 15 realizadores, para além de outros profissionais da área, recebeu mais de 3500 espetadores.

Já o “Prémio Curta e Média Metragem Internacional” foi entregue a “Magnifica: Passive Intruder”, de Ville Koskinen, um filme-documentário que aborda a coexistência entre veraneantes finlandeses e um visitante inesperado. Por sua vez, a longa-metragem em língua portuguesa “Sem Coração”, dos realizadores brasileiros Nara Normande e Tião conquistou o “Prémio Camacho Costa”, poucas semanas depois de ter ganho o prémio do público no Festival Queer Lisboa 2024. “Percebes, um documentário algarvio assinado por Alexandra Ramires e Laura Gonçalves que segue o ciclo completo da vida de um molusco, ganhou o “Prémio Curta-Metragem em Língua Portuguesa”.

O júri atribuiu ainda o “Prémio da Juventude Longa-Metragem Internacional” ao filme “Common Ground”, de Joshua Tickell e Rebecca Harrell Tickell (EUA); o “Prémio Antropologia Ambiental” a “Bottlemen, de Nemanja Vojinović (Sérvia); o “Prémio Curta-Metragem de Animação” ao filme “The Waiting”, de Voker Schlecht (Alemanha); o “Prémio Educação Ambiental” a “Ervilha”, realizado por Teresa Mendonça (Portugal); e o “Prémio Valor da Água” à película “Des Rives (Banks)”, de David Sanchez (Canadá). Conheça aqui a lista completa de vencedores.

Encontro de gerações

Para a organização, o 30.º CineEco “destacou-se como um ponto de encontro essencial entre o cinema e as causas ambientais, oferecendo uma programação diversificada e promovendo um espaço de debate e aprendizagem”. Além de contribuir “para a promoção de uma consciência ecológica, o CineEco valorizou a serra da Estrela como um destino ambientalmente sustentável, reforçando o seu compromisso com o cinema ambiental e a reflexão sobre o futuro do planeta ao longo de três décadas”, acrescenta um comunicado hoje divulgado.

Encontros do Mercado aproximou alunos de escolas de cinema a diversos produtores

É ainda realçada a criação dos “Encontros do Mercado”, em estreia no festival, que serviu de ponto de encontro entre estudantes e agentes do mercado cinematográfico português. “Nesta primeira edição do mercado de filmes participaram seis produtoras e quatro instituições de ensino com 10 filmes/projetos. A iniciativa foi considerada um sucesso e há intenção clara de se avançar para uma segunda edição”, informa o CineEco.

Durante os nove dias de evento, aquele que é considerado um dos festivais de cinema de ambiente mais antigos do mundo, “celebrou a convergência de diferentes gerações e sensibilidades” ao longo das sessões competitivas e exibições especiais. Estas foram dedicadas a temas como os problemas ecológicos dos grandes centros urbanos, as comunidades indígenas e a luta contra as ameaças privadas ou a resistência de agricultores e ativistas em defesa da terra. O festival contou ainda várias atividades paralelas, como exposições, concertos, debates e passeios pela região.

Como habitualmente, o CineEco vai agora continuar através de uma rede de extensões por todo o país, passando por cineclubes, associações, teatros, universidades e auditórios.

Fotografia de destaque: © CineEco