Com 180 metros quadrados em plano de destaque no pavilhão 2 da Fira de Barcelona, o stand de Portugal no Smart City Expo World Congress (SCEWC) tem chamado atenções e, mais do que isso, tornou-se um local privilegiado para o surgimento e consolidação de negócios e parcerias.

O Smart Portugal, assim se chama o espaço luso promovido pelo NOVA Cidade – Urban Analytics Lab, trouxe várias dezenas de stakeholders nacionais ao maior evento mundial do setor das cidades inteligentes, realizado em Barcelona entre 7 e 9 de novembro. O certame deverá bater este ano vários recordes (do número de expositores aos visitantes) e também o stand português reforçou o protagonismo ganho em 2022, ano em o nosso país se estreou com um stand próprio.

Mais uma vez, vários agentes nacionais participam de forma conjunta neste espaço, que conta com quatro municípios – Guimarães, Porto, Lisboa e Oeiras –, três comunidades intermunicipais (CIM) – Oeste, Viseu Dão Lafões e Médio Tejo – e quatro empresas principais: Esri PortugalMinsaitWavecom Portugal e MEO Empresas. A este grupo junta-se ainda um Polo de Inovação Digital, o AI4PA, e o NOVA Cidade.

Mas esta é apenas a face mais visível do ecossistema, porque os diversos stakeholders também convidaram outros parceiros, como a Soltráfego, que se juntou à MEO no projeto dos Bairros Comerciais Digitais, ou o Instituto Politécnico de Tomar, que integrou a comitiva da CIM do Médio Tejo. Isto, sem esquecer as empresas nacionais com stand próprio na feira, caso da TUU, que também foi convidada a apresentar os seus projetos no stand de Portugal.

Tudo junto, resulta num caldeirão de oportunidades, como vários protagonistas têm sublinhado à Smart Cities durante o certame. É o caso de Pedro Folgado, presidente da Oeste CIM, para quem “a presença numa feira como esta permite mostrar ao mundo o que o território anda a fazer, mas também é importante para partilhar experiências, aprender e passar conhecimento, ao mesmo tempo que se reforçam ligações e parcerias”. Um bom exemplo é a plataforma Oeste Smart Region, desenvolvida em conjunto com o NOVA Cidade, que a CIM apresentou no primeiro dia de feira.

Também o setor empresarial partilha da mesma opinião. Mário Rui Santos, Co-CEO da Wavecom, revela que a experiência de edições passadas criou boas perspetivas, que agora se estão a concretizar: “É já a nossa quinta ou sexta participação em Barcelona e vários projetos surgiram neste certame. E tanto nos tem permitido obter clientes, como parceiros para a implementação de outros projetos”. Para ele, “aqui fecha-se um ciclo virtuoso. Além do utilizador final, que é o município, temos também os provedores de tecnologia e até a comunidade científica, que acaba por trazer uma visão ainda mais disruptiva daquilo que pode ser a cidade do futuro”. Entre os projetos que a empresa trouxe ao SCEWC estão várias soluções de digitalização para a vila de Almeida, por exemplo ao nível da análise de fluxos turísticos ou da sensorização de contentores de resíduos, mas também outros desenvolvidos com a CARRIS ou no âmbito dos Bairros Comerciais Digitais.

Mário Rui Santos, da Wavecom, durante a apresentação de um projeto

No mesmo sentido, também Paulo Lopes Silva, vereador da Câmara Municipal de Guimarães, lembra o quão importante tem sido a presença do município, ano após ano: “Desde que vimos a esta feira têm surgido alguns projetos e consórcios, nos quais até temos feito algumas candidaturas com sucesso, por isso acreditamos que isso possa voltar a acontecer. Há vários contactos em cima da mesa, o que revela bem a importância do evento”. Além de apresentar os projetos da cidade no stand de Portugal, o vereador também foi convidado pela organização do SCEWC a participar numa mesa redonda sobre mobilidade sustentável com várias cidades ibéricas, onde teve oportunidade de realçar alguns projetos fundamentais para o município vimaranense, como a ligação por BRT (Bus rapid transit) a Braga. No encontro, lembrou também a necessidade de cruzar as áreas da mobilidade e das smart cities, porque “só assim é possível tornar os transportes coletivos mais apelativos, por exemplo ao nível da previsibilidade de horários”.

Por fim, Miguel de Castro Neto de Castro Neto, coordenador do Nova Cidade e anfitrião do stand de Portugal, realça a importância de juntar municípios, empresas e academia no mesmo espaço, mostrando que “objetivamente há trabalho feito no nosso país”. Em declarações à Smart Cities, realça que “por aqui se mostra que já conseguimos apresentar projetos que efetivamente não são apenas pilotos, mas projetos que mudam o paradigma do processo de construção das cidades inteligentes e sustentáveis em Portugal”.

Três estratégias para conhecer e debater

Nesta quinta-feira, último dia do Smart City Expo Wold Congress, Miguel de Castro Neto participa numa mesa redonda internacional, a decorrer no auditório principal do evento, onde vários especialistas vão abordar a forma como a governação inteligente pode responder às necessidades dos cidadãos.

Já o stand Smart Portugal serve de palco à apresentação das estratégias de duas cidades: Lisboa, pela voz da Vereadora do Urbanismo, Joana Almeida, e Barcelona, através do Comissário da Inovação Urbana do Ayuntamiento de Barcelona, Michael Donaldson.

O encerramento do programa estará a cargo do secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa, Mário Campolargo, que falará sobre o tema “Portugal a Smart Nation”.